A Coragem de Desmascarar
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Capítulo 3

Fui para um hotel barato no centro da cidade. Um lugar anónimo onde ninguém me conhecia.

Passei o dia a tratar da burocracia da morte. Falei com a agência funerária, com a polícia novamente. Cada chamada era um esforço.

À noite, o meu telemóvel não parava de vibrar. Eram mensagens do Pedro.

Primeiro, ordens. "Volta para casa agora. Não me faças ir aí buscar-te."

Depois, ameaças. "Se não apareceres neste jantar, a nossa vida juntos acabou. Estou a falar a sério."

E finalmente, quando percebeu que eu não ia ceder, a manipulação. "A Clara está aqui. Ela está a ser um grande apoio. Disse que tu deves estar a passar por um momento difícil e que eu devia ser compreensivo. Ela é tão boa pessoa."

Li a mensagem e senti um nó no estômago. Ele estava a usar a Clara para me atingir, para me fazer sentir inadequada.

Desliguei o telemóvel.

Precisava de pensar. A polícia disse overdose, mas algo não batia certo.

O Miguel tinha estado a tentar ficar limpo. Tinha-me ligado há duas semanas, entusiasmado com um novo emprego. A voz dele parecia esperançosa.

Abri o meu computador portátil e comecei a procurar. Redes sociais, notícias locais, qualquer coisa.

Encontrei o perfil da Clara. Fotos perfeitas, sorrisos profissionais. Numa das fotos, ela estava num evento de caridade. Ao fundo, desfocado, vi um rosto familiar.

Aumentei o zoom.

Era o Miguel.

Ele estava a trabalhar como empregado de mesa no evento. Parecia sóbrio, concentrado.

Continuei a pesquisar. Encontrei um artigo sobre a empresa do Pedro, mencionando um grande projeto de construção que tinha sido aprovado recentemente. O artigo elogiava o Pedro pela sua "negociação implacável".

Lembrei-me de uma conversa com o Miguel. Ele tinha mencionado que o seu novo emprego era num armazém. Um armazém que ia ser demolido para dar lugar a um novo condomínio de luxo.

O condomínio do Pedro.

Uma ideia horrível começou a formar-se na minha mente.

O meu telemóvel, que eu tinha voltado a ligar, tocou. Era um número desconhecido.

Atendi, hesitante.

"Sofia?" A voz era de uma mulher, baixa e nervosa. "Eu era amiga do Miguel. O meu nome é Ana. Precisamos de falar. Não foi uma overdose."

            
            

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