A Vingança da Herdeira Roubada
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Capítulo 3

Passei a noite no hotel mais barato que encontrei. O quarto cheirava a lixívia e a cigarros velhos. Não dormi.

Na manhã seguinte, a minha decisão estava mais firme do que nunca.

Eu não ia apenas divorciar-me do Miguel. Eu ia ter o meu dinheiro de volta.

Tomei um duche, vesti as roupas do dia anterior e fui direta à boutique da Sofia.

"Maison Sofia". O nome estava escrito em letras douradas e pretensiosas na montra.

Lá dentro, o cheiro a perfume caro era avassalador. Sofia estava a arranjar um manequim, vestindo-o com um vestido que provavelmente custava mais do que o meu salário mensal.

Ela olhou para mim quando entrei, um sorriso falso nos lábios.

"Lúcia! Que surpresa. Vieste fazer umas compras?"

A sua voz era melosa, condescendente.

"Eu vim buscar o meu dinheiro, Sofia."

O sorriso dela vacilou por um segundo, mas recuperou rapidamente.

"Ah, isso. O Miguel já te contou? Que alívio. Eu estava tão preocupada, querida."

Ela gesticulou para uma cadeira de veludo.

"Senta-te, vamos conversar."

Eu permaneci de pé.

"Não há nada para conversar. Eu quero os cento e cinquenta mil euros de volta. Hoje."

Sofia riu, um som agudo e desagradável.

"Hoje? Não sejas ridícula. Isso é impossível. O dinheiro já foi investido na loja. Nova coleção, dívidas a fornecedores... tu sabes como é."

Ela falava como se estivéssemos a discutir o tempo.

"Eu não sei como é. E não me importo. Esse dinheiro não era teu para gastar."

"Tecnicamente, era do meu irmão. E o que é do meu irmão, é da família."

Ela aproximou-se, o seu tom a tornar-se mais duro.

"Ouve, Lúcia. Eu sei que estás desapontada com o bebé e tudo o mais. Mas não podes culpar-me por isso. Talvez seja um sinal. Talvez não estejas destinada a ser mãe."

Cada palavra era calculada para magoar.

"Tu não sabes nada sobre mim."

"Eu sei que entraste na nossa família e pensaste que podias mudar as coisas. Mas o Miguel será sempre leal a mim primeiro. Sangue é mais importante que casamento."

Ela sorriu, vitoriosa.

"Agora, se me dás licença, tenho clientes a chegar."

Ela virou-me as costas, dispensando-me como se eu fosse uma empregada.

Eu saí da loja, a raiva a queimar-me por dentro. Ela não ia safar-se com isto.

                         

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