Meu nome é Sofia. Meu filho, Leo, de apenas cinco anos, tem leucemia.
Ele precisa de um transplante de medula óssea urgentemente, e o pai, Miguel, é o único compatível.
Liguei-lhe, a voz trémula, a implorar para que ele viesse salvar o nosso filho.
Mas do outro lado, ouvi a voz adocicada da assistente dele, Laura, e a palavra "Clarinha", a filha dela.
Miguel não negou, e a sua voz estava cheia de impaciência, enquanto justificava estar a levar a filha da Laura para o hospital.
Eu gritei, a minha alma a esfarelar-se: "Ela tem febre, e o nosso filho está a morrer!"
Ele desligou. Sem perguntas, sem preocupação pelo Leo.
Três dias de silêncio absoluto se seguiram, enquanto o estado do meu filho piorava drasticamente.
Liguei para o escritório dele, desesperada. "Lamento, Senhora Antunes, mas o Senhor Antunes tirou uma licença de uma semana. Ele foi numa viagem de empresa... um retiro de 'team building' no Algarve."
Um retiro. Com a Laura e a filha dela, sem dúvida.
O homem que era a única chance de vida do meu filho estava de férias, enquanto Leo lutava para sobreviver.
A raiva gelada deu lugar a uma determinação implacável. Se ele não viria até nós, eu iria até ele.
Mas, de repente, uma figura inesperada surgiu, pronta para arrastá-lo de volta à realidade, custe o que custar.
Será que ele faria a coisa certa? E, mesmo que fizesse, poderia o meu coração alguma vez perdoá-lo?