Chuva No Meu Casamento: A Virada do Destino
img img Chuva No Meu Casamento: A Virada do Destino img Capítulo 1
2
Capítulo 5 img
Capítulo 6 img
Capítulo 7 img
Capítulo 8 img
Capítulo 9 img
Capítulo 10 img
img
  /  1
img

Capítulo 1

No dia em que o meu noivo, Pedro, me abandonou no altar, choveu.

Não uma chuva forte, mas uma garoa fina e persistente, que deixava tudo cinzento e húmido.

Eu estava parada em frente à igreja, com o meu vestido de noiva branco a ficar pesado e manchado na barra.

Os convidados já tinham ido embora, murmurando entre si. Só restava a minha melhor amiga, a Sofia, segurando um guarda-chuva sobre a minha cabeça.

"Lia, vamos para casa," ela disse suavemente.

Eu não me mexi. Continuei a olhar para o meu telemóvel.

Nenhuma chamada. Nenhuma mensagem.

Apenas a última que eu lhe tinha enviado há três horas: "Pedro, onde estás? Está toda a gente à tua espera."

Visualizada. Sem resposta.

O meu coração estava estranhamente calmo, como se o choque o tivesse congelado.

Tínhamos estado juntos durante cinco anos.

Cinco anos de jantares de família, férias partilhadas e planos para o futuro.

Ele pediu-me em casamento em frente à nossa família, no Natal passado. A sua mãe, a Dona Helena, chorou de alegria e deu-me o anel que tinha sido da sua avó.

Agora, esse mesmo anel parecia queimar o meu dedo.

"Ele deve ter uma boa razão," eu disse, mais para mim do que para a Sofia. A minha voz saiu rouca.

A Sofia suspirou. "Que razão é suficientemente boa para fazer isto, Lia? Que razão?"

Ela tinha razão. Não havia.

Finalmente, o meu telemóvel tocou. Era um número desconhecido.

Atendi, com uma ponta de esperança absurda.

"É a Sra. Liana Santos?" uma voz profissional perguntou.

"Sim," respondi.

"Estamos a ligar do Hospital da Luz. Um paciente, o Sr. Miguel Almeida, sofreu um acidente de carro grave. A senhora está listada como o seu contacto de emergência."

Miguel.

O nome atingiu-me com força.

Miguel era o irmão mais novo do Pedro. Um rapaz problemático, sempre a meter-se em confusões.

"Ele está bem?" perguntei, a minha voz a tremer.

"Ele está em estado crítico. Precisa de uma cirurgia de urgência, mas perdeu muito sangue. O seu tipo de sangue é O negativo, é muito raro. Não temos reservas suficientes no banco de sangue."

O meu sangue. O meu tipo de sangue.

"Eu sou O negativo," disse eu, sem pensar. "Estou a ir para aí."

Desliguei a chamada e olhei para a Sofia. "O Miguel sofreu um acidente. Preciso de ir ao hospital."

            
            

COPYRIGHT(©) 2022