Diário de Uma Sobrevivente: A Verdade Por Trás do Divórcio
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Capítulo 4

As semanas passaram. A minha barriga crescia, e os meus recursos diminuíam.

Consegui um trabalho a fazer traduções online, o que me permitia trabalhar a partir de casa.

Não era muito, mas pagava o aluguer e a comida.

Um dia, enquanto estava no supermercado, senti uma presença familiar.

Virei-me e vi a minha mãe.

Ela parecia mais velha, com o rosto carregado de preocupação.

"Inês."

"Mãe. O que estás aqui a fazer?"

"Eu... eu andei à tua procura. O teu senhorio deu-me o teu novo endereço, mas eu não tive coragem de bater à porta."

Ela olhou para o meu cesto de compras. Leite, pão, vegetais. O básico.

"Estás a comer o suficiente? Pareces pálida."

Era a primeira vez em meses que ela mostrava alguma preocupação genuína.

"Eu estou bem, mãe."

"O Pedro e a Sofia vão casar no próximo mês."

Ela disse aquilo como se estivesse a dar uma notícia terrível.

"Eu sei. Ela disse-me."

A minha mãe abanou a cabeça, com os olhos a encherem-se de lágrimas.

"Como é que isto aconteceu? Vocês eram inseparáveis, tu e a Sofia. E tu amavas tanto o Pedro."

"As pessoas mudam, mãe."

"Mas falsificar um teste de paternidade? Divorciar-se enquanto estás grávida? Inês, isso é autodestruição. O que é que te levou a fazer uma coisa tão drástica?"

Olhei para a minha mãe. Para a mulher que sempre valorizou as aparências acima de tudo.

Poderia ela compreender a verdade?

"Mãe, eles não eram as pessoas que tu pensavas que eles eram."

"O que queres dizer com isso? O Pedro sempre foi tão educado, e a Sofia... ela era como uma filha para mim."

"Isso era uma fachada. Por trás das portas fechadas, as coisas eram diferentes."

Hesitei, sem saber quanto devia revelar.

"Diferentes como?"

"Eles... magoavam-me."

A palavra soou estranha, inadequada para descrever a crueldade subtil e constante.

A minha mãe franziu a testa.

"Magoavam-te? Fisicamente? O Pedro bateu-te?"

"Não, não fisicamente. Era... psicológico. Eles faziam coisas para me minar, para me fazer sentir louca."

Ela olhou para mim com ceticismo.

"Psicológico? Inês, isso soa a desculpa. Todas as relações têm os seus altos e baixos. Estás a dizer-me que te divorciaste por causa de algumas discussões?"

Eu vi nos olhos dela que ela não acreditava em mim.

Para ela, a dor só era real se deixasse marcas visíveis.

"Esquece, mãe. Tu não ias entender."

Paguei as minhas compras e saí da loja, deixando-a para trás, no meio do corredor.

                         

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