Adeus, João: A Minha Nova Vida Começa
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Capítulo 3

A Catarina começou a chorar mais alto, um som agudo e performático que me irritou os nervos.

"Eu não queria causar problemas," ela choramingou, agarrando-se ao braço do João. "Eu devia ir-me embora. Eu só causo problemas a toda a gente."

O João envolveu-a num abraço protetor. "Shhh, não é verdade. A Sofia só está stressada. Ela não queria dizer isso."

Ele olhou para mim por cima do ombro dela, os seus olhos a disparar punhais.

"Pede desculpa à Catarina," ele sibilou.

Eu ri. Um som seco e sem humor.

"Pedir desculpa? Por dizer a verdade? Não, obrigada."

Virei-me para a Catarina, a minha voz cortante. "Podes parar com o espetáculo. Ninguém aqui está a comprar o teu ato de donzela em apuros. Especialmente eu."

A Catarina arregalou os olhos, um soluço preso na sua garganta. Ela parecia genuinamente chocada por eu a ter confrontado diretamente.

O João afastou-a suavemente e deu um passo na minha direção, o seu corpo tenso de fúria.

"Já chega, Sofia. Passaste dos limites."

"Eu passei dos limites? Tu abandonaste o teu filho quando ele precisava de ti para procurar um cão! Tu ignoraste as minhas chamadas! Tu ficaste a consolar outra mulher enquanto o teu filho estava a ser operado! E eu é que passei dos limites?"

A minha voz subiu de tom a cada frase, o controlo que eu mantinha a estalar.

"Eu não a estava a consolar, estava a ajudar a minha família! Algo que tu aparentemente não entendes!", ele ripostou.

"Ela não é a tua família mais próxima, João! Eu sou! O Leo é! Nós somos a tua família nuclear! Ou esqueceste-te do dia em que casaste comigo?"

O Leo começou a choramingar na cama, assustado com os nossos gritos. "Mamã... papá... parem."

Imediatamente, a minha raiva evaporou-se, substituída por vergonha.

Fui até ele, acariciei-lhe a testa. "Desculpa, meu amor. Está tudo bem. O papá e a mamã só estão a ter uma conversa de adultos."

O João também pareceu recuar, o seu rosto a suavizar um pouco ao ver o nosso filho aflito.

Mas a Catarina viu a sua oportunidade.

"Vês, João? Eu só os estou a separar. É melhor eu ir."

Ela virou-se e correu para fora do quarto, com soluços dramáticos a ecoar pelo corredor.

O João hesitou, olhando do Leo para a porta por onde a Catarina tinha desaparecido.

Uma escolha. Ele tinha uma escolha a fazer.

Ele olhou para mim, uma última vez, a sua expressão endurecida novamente. "Tenho de ir ver como ela está."

E ele foi-se.

Ele escolheu-a.

Ele saiu do quarto do nosso filho ferido para ir atrás dela.

Fiquei ali, paralisada, a ver a porta fechar-se atrás dele.

O som do clique da porta foi o som do meu casamento a acabar.

            
            

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