Adeus, João: A Minha Nova Vida Começa
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Capítulo 4

Sentei-me na cadeira ao lado da cama do Leo, o silêncio no quarto era pesado.

Ele adormeceu novamente, exausto pela dor e pela discussão.

Peguei no meu telemóvel. Abri a minha aplicação bancária.

Tínhamos uma conta conjunta. Era onde o salário dele entrava, onde as nossas poupanças estavam.

Sem hesitar, transferi metade do saldo para a minha conta pessoal.

Não era por vingança. Era por sobrevivência.

Eu sabia que isto ia ser uma guerra. E eu precisava de estar preparada.

Depois, abri as minhas mensagens e comecei a escrever para o João.

"Quando sairmos do hospital, eu e o Leo vamos ficar na casa da minha mãe. Podes ficar no nosso apartamento com a Catarina."

Enviei.

A resposta foi quase imediata. Uma chamada, não uma mensagem.

Rejeitei.

Ele ligou outra vez.

Rejeitei novamente e bloqueei o número dele.

Eu não tinha mais nada a dizer-lhe. As suas ações tinham falado mais alto do que quaisquer palavras que ele pudesse proferir.

Uma nova mensagem apareceu no meu ecrã. Era da minha sogra, Isabel.

"Sofia, o que é que estás a fazer? O João ligou-me, frenético. Disse que o bloqueaste e que estás a falar em sair de casa. E o que é esta história de transferires o dinheiro? Estás a tentar destruir esta família?"

Li a mensagem, um cansaço profundo a instalar-se nos meus ossos.

Ela não perguntou pelo Leo. Não perguntou como o seu neto estava. A sua única preocupação era o seu filho e a imagem da "família perfeita".

Digitei uma resposta.

"A família já estava destruída, Isabel. Eu estou apenas a recolher os pedaços que me pertencem. O seu neto está bem, obrigada por perguntar."

Enviei e bloqueei o número dela também.

Senti um clique na minha cabeça. Uma porta a fechar-se a uma parte da minha vida.

Eu estava sozinha nisto. Eu e o Leo.

E, estranhamente, em vez de medo, senti uma calma fria.

A incerteza do futuro era assustadora, mas era melhor do que a certeza da dor de ficar com o João.

Olhei para o meu filho a dormir. O seu peito subia e descia ritmicamente. O seu braço estava engessado, mas ele estava seguro. Ele estava comigo.

Isso era tudo o que importava.

"Vamos ficar bem, meu amor," sussurrei no silêncio. "Eu prometo."

                         

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