O Silêncio da Dor, o Grito da Verdade
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Capítulo 2

No dia seguinte, comecei a arrumar as coisas do Lucas.

Cada pequeno brinquedo, cada peça de roupa, era uma memória dolorosa.

A minha sogra, a mãe do Pedro, entrou no quarto sem bater.

Ela olhou para as caixas com desdém.

"O que estás a fazer? A livrar-te das coisas dele tão depressa? Nem sequer o enterraste e já estás a tentar apagar a sua memória."

Eu continuei a dobrar uma pequena camisola azul.

"Estou a arrumar as minhas coisas. Vou-me embora."

Ela riu-se, um som áspero e desagradável.

"Ir embora? Não sejas ridícula. O Pedro está de coração partido. Ele precisa do teu apoio agora."

De coração partido? Ele não estava lá quando o coração do nosso filho parou de bater.

"Ele não precisa de mim. Ele tem a sua carreira e a filha do seu chefe para se preocupar."

A minha sogra aproximou-se, o seu rosto contorcido de raiva.

"Como te atreves a falar assim? Tu não entendes os sacrifícios que um homem tem de fazer. O Pedro estava a construir uma vida para vocês! E tu? O que fizeste? Provavelmente nem cuidaste do rapaz como devias! Se fosses uma mãe melhor, talvez ele ainda estivesse vivo!"

As suas palavras eram veneno.

Eu parei o que estava a fazer e olhei-a nos olhos.

"Eu era uma boa mãe. Eu estava lá. Onde estava o seu filho?"

Ela levantou a mão para me bater, mas eu segurei-lhe o pulso. A minha força surpreendeu-a e a mim também.

"Nunca mais me toques", disse eu, com uma voz fria que não reconheci como minha. "Sai da minha casa."

"Esta é a casa do meu filho!", gritou ela.

"Não por muito mais tempo."

Ela saiu a praguejar, dizendo que eu era uma esposa ingrata e sem coração.

Eu não me importei. As suas palavras não significavam nada.

Nesse mesmo dia, o Pedro chegou a casa com um advogado.

O seu nome era Sr. Guimarães, um homem de fato caro e sorriso falso.

"Sofia", começou o Pedro, evitando o meu olhar. "Eu não quero o divórcio. Acho que estamos ambos a agir por impulso, por causa da dor."

O Sr. Guimarães interveio.

"A minha cliente entende que este é um momento de grande sofrimento. No entanto, o meu cliente, o Sr. Alves, acredita que uma decisão tão drástica como o divórcio seria um erro."

Eu olhei para os dois, sentada no sofá rodeada de caixas.

"A minha decisão não é por impulso. É final."

O Pedro finalmente olhou para mim, os seus olhos suplicantes.

"Sofia, por favor. Eu amo-te. Eu amava o Lucas. Eu cometi um erro terrível, eu sei. Mas podemos superar isto juntos."

"Não há 'nós' para superar isto. Eu vou superar isto sozinha. Tu vais ter de viver com o teu erro sozinho."

O sorriso do Sr. Guimarães vacilou.

"Sra. Alves, talvez devêssemos discutir os termos. O Pedro está disposto a ser muito generoso."

"Eu não quero a generosidade dele. Eu quero o divórcio."

O Pedro levantou-se, a sua frustração a aumentar.

"O que queres, então? Vingança? Queres castigar-me para o resto da vida?"

"Eu não quero nada de ti, Pedro. Eu só quero que desapareças da minha vida."

A minha calma parecia enfurecê-lo mais do que qualquer grito.

Ele e o advogado saíram. Eu sabia que esta seria uma luta feia.

Mas eu estava pronta. Eu já tinha perdido tudo o que importava. Não tinha mais nada a perder.

            
            

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