Custódia e Consequências: A Mãe Que Não Desiste
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Capítulo 4

A segunda-feira chegou com uma determinação fria.

Passei a manhã a fazer chamadas.

Primeiro, para o meu advogado.

"Quero reabrir os termos do acordo de custódia," disse eu, a minha voz firme. "Tenho provas de negligência parental."

Expliquei a situação. A reunião na escola, a mentira sobre Paris, o impacto na Sofia.

O advogado ouviu pacientemente.

"Isto é sério, Clara. Mas a negligência é difícil de provar. Um juiz pode ver isto como um pai ocupado, não um pai negligente."

"Então temos de encontrar algo mais," insisti. "Algo que um juiz não possa ignorar."

Depois, liguei a uma amiga, a Joana, que trabalhava em contabilidade.

"Joana, preciso de um favor enorme. Podes recomendar-me um bom contabilista forense? O melhor que conheces."

A Joana ficou curiosa, mas não fez muitas perguntas. Deu-me um nome e um número.

Marquei uma reunião para o dia seguinte.

Eu sabia que o Pedro era inteligente. Ele não deixaria um rasto de papel óbvio.

Mas a sua arrogância era o seu ponto fraco.

Ele achava que estava acima de tudo e de todos.

E pessoas arrogantes cometem erros.

À tarde, recebi uma chamada de um número desconhecido.

Atendi com cautela.

"Estou a falar com a Senhora Clara Alves?" A voz era feminina, profissional.

"Sim, é ela."

"O meu nome é Marta, sou do departamento de Recursos Humanos da empresa do seu ex-marido. Lamento incomodar, mas preciso de verificar alguns detalhes para o processo de divórcio, relativamente aos benefícios e seguros."

Senti uma pontada de suspeita. Era um procedimento estranho.

"Claro, em que posso ajudar?"

"Precisava apenas de confirmar se a apólice de seguro de viagem da empresa ainda está em seu nome ou se foi transferida."

"Seguro de viagem?" perguntei, confusa.

"Sim. A apólice corporativa que cobre os diretores e os seus cônjuges em viagens de negócios. Como a recente viagem a Paris..."

O meu cérebro começou a trabalhar a alta velocidade.

"Essa apólice... cobre despesas pessoais durante a viagem?"

Houve uma pausa. A mulher parecia desconfortável.

"Normalmente, destina-se apenas a despesas de negócios. Voos, hotel, refeições de trabalho..."

"E se alguém levar um acompanhante que não seja o cônjuge? Por exemplo, outra funcionária. As despesas dessa pessoa seriam cobertas?"

O silêncio do outro lado foi longo.

"Senhora Alves, eu não deveria estar a discutir isto consigo... mas, em teoria, não. A apólice cobre o funcionário e o cônjuge registado. Quaisquer despesas para um acompanhante não elegível teriam de ser pagas do próprio bolso ou... bem, ou declaradas de forma incorreta."

"Declaradas de forma incorreta? Como?"

"Como se fossem despesas do cônjuge, por exemplo. Mas isso seria fraude," disse ela, apressadamente. "Olhe, eu tenho de ir. Vou enviar os formulários por email. Tenha um bom dia."

Ela desligou.

Fiquei a olhar para o nada.

Fraude.

A palavra ecoou na minha cabeça.

O Pedro era mesquinho. Era uma das suas características menos atraentes.

Seria ele capaz de cometer fraude para pagar uma viagem romântica com a Helena?

A arrogância dele. A avareza dele.

A combinação era potente.

Senti um arrepio.

Isto era maior do que eu pensava.

Não se tratava apenas de um pai ausente.

Tratava-se de um homem que usava os recursos da sua empresa para financiar a sua vida dupla.

Uma empresa onde a sua própria mãe era membro do conselho de administração.

Uma empresa que ele dirigia com uma imagem de integridade e sucesso.

Peguei no telemóvel e liguei ao meu advogado novamente.

"Acho que encontrei algo," disse eu, a minha voz a tremer ligeiramente, não de medo, mas de adrenalina. "Algo que um juiz não poderá ignorar."

                         

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