A Promessa Quebrada do Meu Marido
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Capítulo 3

No dia seguinte, comecei a minha primeira sessão de diálise.

O processo era exaustivo. Senti o meu corpo a ficar mais fraco, a minha energia a ser drenada juntamente com as toxinas do meu sangue.

Enquanto estava sentada na cadeira, ligada à máquina que me mantinha viva, o meu telemóvel vibrou.

Era uma mensagem do Pedro.

"A cirurgia da Clara foi um sucesso. O meu rim foi aceite perfeitamente. Os médicos estão otimistas."

Ele nem sequer perguntou como eu estava.

Não respondi.

Em vez disso, liguei a um advogado. Expliquei a situação de forma calma e objetiva.

"Quero o divórcio. E quero metade de tudo."

O advogado foi simpático mas direto. O processo seria complicado, especialmente devido à minha condição de saúde.

Passei os dias seguintes entre o hospital e o escritório do advogado.

O Pedro tentou ligar várias vezes, mas eu ignorei as suas chamadas. Ele começou a deixar mensagens de voz, a sua voz a passar da irritação à preocupação fingida.

"Sofia, onde estás? Pára com isto. Precisamos de conversar."

"A tua mãe está preocupada. Eu estou preocupado. Atende o telefone."

A sua preocupação era uma piada.

Uma semana depois, recebi uma chamada de um número desconhecido. Atendi com hesitação.

"Sofia? É o Miguel."

Miguel. O meu ex-namorado da faculdade. Não falávamos há anos.

"Miguel? Como conseguiste o meu número?"

"A tua amiga Ana contou-me o que aconteceu. Sofia, eu... eu sinto muito. Eu li sobre a tua situação online, num post de angariação de fundos que a tua amiga fez."

Fiquei chocada. A Ana não me tinha dito nada.

"Eu não sabia..."

"Sofia, escuta. Eu sei que isto vai parecer uma loucura, mas eu fiz o teste. O meu tipo de sangue é O negativo. Eu posso ser um dador universal. Quero ajudar."

O meu coração parou por um segundo.

"Miguel, tu não podes... isso é demasiado."

"Não, não é. Eu insisto. Pelo menos deixa-me fazer os testes de compatibilidade. Por favor."

A sua sinceridade era avassaladora. Era um contraste tão grande com a traição do Pedro que as lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto.

Pela primeira vez em semanas, senti um vislumbre de esperança.

Uma esperança que não vinha do homem que me tinha prometido o mundo, mas de um fantasma do meu passado.

                         

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