No terceiro aniversário do meu filho Lucas, o meu marido, Pedro, voltou a faltar.
O bolo intacto na mesa e o olhar expectante do meu filho na porta eram a prova do vazio que nos consumia.
Liguei-lhe, a chamada foi direta para o voicemail.
A minha sogra, Helena, sentada no sofá, suspirou: "A Sofia não está bem. Ela precisa do Pedro. Tu e o Lucas podem aguentar-se sozinhos."
Sofia. A irmã dele. A eterna "frágil" com dramas perpétuos. O Pedro, o seu cavaleiro andante.
"O papá não gosta de mim, mamã?", a pergunta inocente do Lucas partiu-me o coração.
A minha voz tremeu, mas a decisão estava tomada.
Quando o Pedro finalmente apareceu, sem remorsos, veio acompanhado da sua indiferença e da acusação de que eu era "egoísta" por querer o meu marido no aniversário do nosso filho.
Ele escolhia sempre a irmã. Sempre.
A gota d'água foi quando o Lucas caiu na creche e bateu com a cabeça.
Liguei ao Pedro e à Helena. Ninguém atendeu.
Descobri que ambos estavam com a Sofia por causa de uma enxaqueca "terrível".
O meu filho de três anos, magoado, foi menos importante que uma dor de cabeça.
A raiva e a dor sufocaram-me. Eu não podia mais.
"Quero o divórcio", disse eu, a minha voz firme como aço.
Eles que me chamassem egoísta, sem coração.
Eu estava farta de competir.
Farta de ser a segunda opção.
Esta batalha seria por e para o Lucas.
Eu não iria recuar.