Meu Marido, Meu Traidor: A Verdade Em Chamas
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Capítulo 2

Acordei com o som constante de um bip.

Um hospital.

O cheiro a antisséptico encheu as minhas narinas. Uma máscara de oxigénio cobria o meu rosto.

A minha primeira preocupação foi o meu bebé. Coloquei a mão na minha barriga. Ainda estava lá, grande e redonda. Senti um movimento fraco, um pequeno pontapé.

Respirei fundo, um alívio doloroso a percorrer o meu corpo.

A porta do quarto abriu-se.

Eram Marcos, a sua mãe, a Sra. Almeida, e o seu pai.

Eles não pareciam aliviados por me ver acordada. Pareciam... irritados.

"Sofia, finalmente", disse a minha sogra, a sua voz fria como gelo. "Assustaste-nos a todos."

Marcos aproximou-se da cama. Ele tinha fuligem na testa e as roupas estavam sujas.

"Como te sentes?", perguntou ele, mas a sua voz não tinha calor.

Tirei a máscara de oxigénio. "O que aconteceu? Porque é que me deixaste lá?"

Ele suspirou, um som de impaciência. "Não sejas dramática, Sofia. O fogo começou na cozinha, perto da escada principal. A Laura estava na sala de estar, mais perto da saída dos fundos. Era lógico salvá-la primeiro."

Lógico.

"E as joias? O álbum de fotografias? Isso também era lógico?", a minha voz tremia.

A Sra. Almeida interveio. "Essas são heranças de família! Insubstituíveis! Tu estavas segura no andar de cima, longe das chamas iniciais. Sabíamos que os bombeiros chegariam a tempo."

Sabiam?

Eles estavam a dizer-me que tinham calculado o risco da minha vida contra objetos e a conveniência de salvar outra mulher.

"Eu podia ter morrido", sussurrei, o horror da situação a instalar-se. "O nosso bebé podia ter morrido."

"Mas não morreu", disse Marcos bruscamente. "O médico disse que tu e o bebé estão estáveis por agora, mas que precisas de evitar o stress. E é exatamente isso que estás a fazer, a criar stress."

Olhei para ele, para o homem com quem me casei, o pai do meu filho. Não vi remorso no seu rosto. Vi justificação.

"A Laura está bem?", perguntei, a palavra a saber a veneno na minha boca.

"Ela está em choque", disse o meu sogro pela primeira vez. "A coitada está traumatizada. A tua sogra está a cuidar dela. Ela é muito mais sensível que tu."

Mais sensível que eu.

Eu, que estava grávida de oito meses, presa num incêndio, abandonada pelo meu marido, e agora estava num hospital a lutar pela vida do meu filho.

Mas a Laura, que foi levada para a segurança em primeiro lugar, era a que precisava de cuidados.

Senti uma náusea que não tinha nada a ver com o fumo.

Eles não estavam arrependidos. Eles estavam a defender as suas ações.

Na mente deles, eu era o problema.

            
            

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