O Preço do Sacrifício: Uma Vingança Silenciosa
img img O Preço do Sacrifício: Uma Vingança Silenciosa img Capítulo 1
2
Capítulo 5 img
Capítulo 6 img
Capítulo 7 img
Capítulo 8 img
Capítulo 9 img
Capítulo 10 img
img
  /  1
img

Capítulo 1

Quando me informaram que o meu irmão, Miguel, estava morto, eu estava a fazer um bolo de aniversário para ele.

A espátula cheia de cobertura de chocolate caiu da minha mão, sujando o chão da cozinha.

A voz do outro lado da linha era fria e oficial.

"Senhora Sofia Almeida? Sou o Sargento Costa. Lamento informar, mas o seu irmão, Miguel Almeida, foi morto em ação durante uma operação de resgate numa favela."

Fiquei em silêncio, incapaz de processar a informação.

O polícia continuou a falar, explicando detalhes sobre a operação, mas as palavras dele eram apenas um zumbido distante.

A única coisa que a minha mente registava era: Miguel estava morto.

Desliguei a chamada sem dizer uma palavra.

O meu olhar caiu sobre o bolo imperfeito na bancada. Era o bolo favorito dele, de chocolate com recheio de brigadeiro.

Amanhã seria o seu vigésimo quinto aniversário.

O meu telemóvel vibrou novamente. Era o meu noivo, Pedro.

Atendi, esperando uma palavra de conforto.

"Sofia, estás a ver as notícias? A operação do teu irmão foi um sucesso! Conseguiram resgatar a Helena. Estou aqui com ela agora, está sã e salva."

A voz dele estava cheia de alívio e alegria.

Helena era a irmã mais nova dele. Tinha sido sequestrada por um cartel há dois dias.

Miguel, sendo o melhor do seu batalhão, liderou a equipa de resgate.

Uma sensação gelada percorreu o meu corpo.

"Pedro", a minha voz saiu como um sussurro rouco. "O Miguel... ele morreu."

Houve uma pausa do outro lado da linha.

Depois, ouvi a voz suave de Helena ao fundo, "Pedro, querido, o que se passa? Porque é que a Sofia está a ligar agora? Não me digas que ela está chateada por o Miguel ter tido que trabalhar no seu dia de folga para me salvar?"

A voz dela era doce, mas as palavras eram venenosas.

Pedro suspirou, um som pesado e cansado.

"Sofia, ouve. Eu sei que é difícil. Mas o Miguel era um soldado. Era o dever dele. A Helena estava em perigo."

A raiva começou a borbulhar dentro de mim, quente e sufocante.

"O dever dele? Pedro, ele está morto! Ele morreu para salvar a tua irmã!"

"Não fales assim!", a voz dele tornou-se dura. "A Helena passou por um trauma terrível. Precisamos de ser sensíveis. O Miguel fez o que tinha de ser feito. Ele é um herói."

Um herói.

Eles chamavam-no de herói enquanto o meu irmão jazia morto num necrotério.

"Eu quero vê-lo", disse eu, com a voz a tremer.

"Agora não é uma boa altura, Sofia. As coisas estão muito caóticas. Além disso, a Helena precisa de mim. Ela está muito abalada. Não sejas egoísta."

Egoísta.

Ele chamou-me de egoísta.

Ele desligou o telemóvel.

Fiquei a olhar para o ecrã escuro, sentindo um vazio tão grande que ameaçava consumir-me.

O meu irmão, o meu único familiar, estava morto.

E o homem que eu ia casar estava a consolar a irmã dele, dizendo-me para não ser egoísta.

Nesse momento, eu soube. O nosso noivado, o nosso futuro, tudo tinha acabado.

Tudo tinha morrido com o Miguel.

            
            

COPYRIGHT(©) 2022