O Preço do Sacrifício: Uma Vingança Silenciosa
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Capítulo 4

O meu cérebro trabalhava a alta velocidade, juntando as peças.

O desespero do Pedro. A sua insistência para que o Miguel salvasse a Helena a qualquer custo.

A sua frieza para comigo depois da morte do Miguel.

O seu foco total na Helena.

Será que ele sabia? Será que ele usou o meu irmão?

Peguei no meu telemóvel e disquei o número do Pedro.

Desta vez, ele atendeu.

"Sofia? Finalmente. Estava a ficar preocupado." A voz dele soava falsamente preocupada.

"Precisamos de conversar, Pedro." A minha voz era desprovida de qualquer emoção.

"Claro. Mas pode ser mais tarde? A Helena acabou de adormecer. Ela teve um pesadelo terrível."

"Não. Tem de ser agora. Encontra-me no café perto do meu apartamento em vinte minutos."

Desliguei antes que ele pudesse protestar.

Cheguei ao café primeiro. Sentei-me numa mesa no canto, de costas para a parede.

Coloquei o telemóvel do Miguel na mesa à minha frente.

Pedro chegou alguns minutos depois. O seu rosto parecia cansado e irritado.

"Sofia, isto é realmente necessário? Eu disse-te que a Helena..."

"Senta-te, Pedro."

Ele pareceu surpreendido com o meu tom, mas sentou-se.

"O que se passa? Olha, eu sei que estás de luto. E peço desculpa se pareci insensível. Tem sido... muito."

Eu olhei diretamente nos olhos dele.

"O Miguel e a Helena tinham um caso."

Não foi uma pergunta. Foi uma afirmação.

O rosto do Pedro perdeu toda a cor. Por um segundo, vi pânico nos seus olhos antes de ele o mascarar com raiva.

"O que estás a dizer? Isso é ridículo! Estás a inventar coisas por causa do teu luto!"

Deslizei o telemóvel do Miguel pela mesa até ele.

"Vê por ti mesmo."

Ele olhou para o telemóvel, depois para mim. Hesitou.

"Não vou olhar para as coisas pessoais do teu irmão. Isso é desrespeitoso."

"Não sejas hipócrita, Pedro. Tu leste as mensagens dele. Tu sabias."

Ele levantou-se abruptamente, a cadeira a raspar ruidosamente no chão.

"Eu não tenho de ouvir isto. Estás a delirar."

"Tu usaste-o!", a minha voz elevou-se, atraindo os olhares de outros clientes. "Tu sabias que eles tinham um caso. Sabias que o Miguel faria qualquer coisa por ela. Tu enviaste-o para a morte!"

"Cala a boca!", sibilou ele, inclinando-se sobre a mesa. "Tu não sabes de nada!"

"Eu sei que o meu irmão está morto porque tu o manipulaste! Tu sacrificaste-o para teres a tua irmã de volta e para te livrares do amante dela de uma só vez!"

A verdade pairava no ar entre nós, feia e inegável.

O rosto do Pedro contorceu-se numa máscara de ódio.

"Ele mereceu", cuspiu ele, a sua voz baixa e cheia de veneno. "Ele estava a roubar a minha irmã de mim. Ele ia destruí-la. Ele era uma má influência."

O meu coração parou.

Ele admitiu.

"Então, sim", continuou ele, um sorriso cruel a formar-se nos seus lábios. "Eu sabia que era perigoso. Eu sabia que ele poderia não voltar. E sabes que mais? Eu não me importei. Foi a solução perfeita. A Helena está segura, e o problema desapareceu."

Senti o ar a faltar-me nos pulmões.

A crueldade dele era de cortar a respiração.

"Tu és um monstro."

"E tu és uma tola ingénua. Sempre foste."

Ele virou-se para sair.

"O nosso noivado está cancelado", disse eu, a minha voz a ecoar no silêncio que se tinha instalado à nossa volta.

Ele riu-se, um som oco e desagradável.

"Eu já tinha cancelado na minha cabeça no momento em que soube que ele morreu. Casar com a irmã do homem que arruinou a minha família? Não, obrigado."

Ele saiu do café, deixando-me sozinha com a verdade devastadora.

O meu irmão não morreu apenas num ato de heroísmo.

Ele foi assassinado.

E o homem que eu amava era o assassino.

                         

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