Contra Tudo e Todos: A Guerra de Laura
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Capítulo 2

A primeira pessoa para quem liguei foi Clara. A sua voz estava cheia de preocupação.

"Laura? O que aconteceu? Estou a ver as tuas chamadas perdidas."

"Clara, preciso de ti," disse eu, a minha voz firme, apesar do caos dentro de mim. "Encontra-me no nosso café de sempre. Em vinte minutos."

Desliguei antes que ela pudesse fazer mais perguntas.

Sentei-me no café, um galão à minha frente a arrefecer. Clara chegou a correr, o seu rosto ansioso.

"Laura! O que se passa? Pareces..."

"Livre," completei eu.

Contei-lhe tudo. O teste de paternidade. A conversa que ouvi. A mentira de Pedro e da sua mãe.

Clara ouvia, os seus olhos a escurecerem de raiva a cada palavra. Quando terminei, ela bateu com o punho na mesa.

"Aquele filho da mãe! E a bruxa da mãe dele! Eu vou matá-los!"

"Não," disse eu, calmamente. "Nós vamos fazer algo muito melhor. Vamos destruí-los legalmente."

Clara olhou para mim, a sua raiva a dar lugar à surpresa. Ela nunca me tinha visto assim. A Laura que ela conhecia era dócil, sempre a evitar conflitos.

Essa Laura morreu hoje.

"Preciso de um advogado," disse eu. "O melhor advogado de divórcios de Lisboa. Alguém implacável."

Clara pensou por um momento.

"Conheço alguém," disse ela. "Dr. André Vargas. Ele é caro, mas dizem que é um tubarão. Ele come advogados como o do Pedro ao pequeno-almoço."

"Perfeito," disse eu. "Marca uma reunião para amanhã."

Naquela noite, não dormi em casa. Fiquei no pequeno apartamento de Clara. Ela deu-me roupas limpas e um sofá para dormir.

Enquanto estava deitada no escuro, não chorei. Em vez disso, planeei.

Pensei em todos os anos de casamento. Todos os pequenos sacrifícios que fiz. As férias que cancelámos porque a mãe de Pedro "precisava" de algo. O dinheiro que poupei para a nossa casa, que ele gastou num carro novo para si. As vezes que ele me diminuiu em frente aos amigos.

Cada memória era um pedaço de combustível para a minha fogueira.

No dia seguinte, encontrei-me com o Dr. Vargas. O seu escritório era moderno e imponente, com uma vista sobre o Tejo. Ele era um homem de meia-idade, com um olhar aguçado que parecia ver através de mim.

Contei-lhe a minha história, de forma concisa e factual. Não mostrei emoção. Apenas os factos.

Quando terminei, ele inclinou-se para a frente, os seus dedos entrelaçados sobre a mesa.

"Senhora Martins," disse ele. "O que o seu marido e a sua sogra fizeram não é apenas moralmente repreensível. É fraude. Coerção emocional. Podemos usar isto."

"Eu quero tudo a que tenho direito," disse eu. "Metade da casa. Metade das poupanças. Pensão de alimentos. E quero que eles admitam o que fizeram."

Dr. Vargas sorriu. Não era um sorriso caloroso. Era o sorriso de um predador.

"Isso é exatamente o que vamos conseguir," disse ele. "Primeiro passo: vamos fazer o nosso próprio teste de paternidade. Um teste oficial, com uma amostra minha e uma amostra de ADN do feto, que o hospital ainda deve ter. Isso vai provar que o bebé era dele."

"Eles vão tentar esconder," disse eu.

"Deixe isso comigo," respondeu o Dr. Vargas. "A lei está do nosso lado."

Saí do escritório dele a sentir-me mais forte do que em anos. O medo tinha desaparecido, substituído por uma determinação fria.

O jogo tinha começado. E desta vez, eu ia ditar as regras.

            
            

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