"Seu marido tinha razão", disse o médico, entregando-me o envelope pardo.
Dentro, o teste de paternidade confirmava: o feto não era do Pedro.
Eu sentia um vazio esmagador. O meu casamento estava acabado e, para ele, a culpa era minha.
Pedro já me esperava no carro, com um sorriso de alívio. "Eu sabia. A minha mãe nunca se engana."
A Sofia. A mulher que transformou a minha vida num inferno.
Ele queria o divórcio e que eu saísse de mãos vazias, "dada a situação".
Cheguei ao nosso apartamento, que agora parecia estranho.
Vi sapatos de mulher caros na entrada. Ouvi vozes que não eram as minhas.
"Ela já sabe?", perguntou Inês, a amante.
"Sim", disse Pedro. "Mostrei-lhe o teste falso que a mãe mandou fazer. Ela acreditou em tudo."
O meu coração parou. Falso. Era tudo mentira.
"Ela vai assinar os papéis do divórcio sem pedir nada", continuou ele, orgulhoso.
"E o bebé?", perguntou Inês. "Era mesmo teu?"
"Claro que era", respondeu Pedro. "Mas era a única maneira de me livrar dela sem lhe dar um tostão."
O meu mundo desmoronou. O nosso bebé foi sacrificado por dinheiro?
A raiva ferveu em mim. Eles armaram-me, me humilharam, me fizeram acreditar na pior das traições.
Levanto a cabeça, os olhos fixos na hipocrisia à minha frente.
"O teste era falso", afirmo, não pergunto.
Pedro empalideceu.
Ele pode ter-me roubado o amor, a casa, o filho, mas não me vai roubar a dignidade.
"Divórcio? Sim, Pedro. Mas não vai ser como tu e a tua mãe planearam."
Eles pensavam que iam ganhar, mas mal sabem que esta é apenas a minha declaração de guerra.