No Altar, Sozinha: A Vida Nas Minhas Mãos
img img No Altar, Sozinha: A Vida Nas Minhas Mãos img Capítulo 3
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Capítulo 3

Olhei para o senhor Matias. O seu pedido era inacreditável.

"Você está a pedir-me para salvar o homem que me humilhou em frente de centenas de pessoas? O homem que me traiu com a minha melhor amiga?"

"Eu sei," ele baixou a cabeça. "Eu sei que é um pedido egoísta. Mas ele é o meu filho. Eu não o posso perder."

O desespero na sua voz era real. Por um momento, senti pena dele. Mas a minha própria dor era mais forte.

"Não," disse eu, com firmeza. "A minha resposta é não. O Pedro fez a sua escolha. Ele escolheu a Sofia. Deixe que ela o salve."

"Mas ela não é compatível!"

"Isso não é problema meu," respondi friamente. "Por favor, vá-se embora, senhor Matias."

Fechei-lhe a porta na cara. Encostei-me a ela, a minha respiração ofegante. O meu coração batia descontroladamente.

Como é que ele se atreveu a pedir-me tal coisa?

Nos dias seguintes, a minha vida tornou-se um inferno. As notícias do casamento cancelado espalharam-se rapidamente. Recebi dezenas de chamadas e mensagens de amigos e familiares, todos a perguntar o que tinha acontecido.

Eu ignorei a maioria delas.

A Sofia também tentou contactar-me. Enviou-me longas mensagens, a pedir desculpa e a tentar explicar-se.

"Clara, eu não queria magoar-te. Eu amo o Pedro há muito tempo. Quando a doença dele voltou, eu só queria estar lá para ele. Por favor, perdoa-me."

Apaguei as mensagens dela sem responder.

Uma semana depois, a minha mãe veio visitar-me. Ela encontrou-me sentada no escuro, rodeada de caixas.

"Clara, tens de sair disto," disse ela, com a voz suave. "Eu sei que dói, mas não podes deixar que eles te destruam."

"Eu não sei o que fazer, mãe."

"Primeiro, vamos livrar-nos de tudo isto," disse ela, apontando para as caixas. "Depois, vais tirar umas férias. Vais para longe daqui e vais limpar a cabeça."

A ideia pareceu-me boa. Eu precisava de fugir.

Naquela noite, recebi outra visita inesperada. Era a Sofia. Ela estava à minha porta, com o rosto pálido e os olhos vermelhos de tanto chorar.

"Clara, por favor, temos de conversar," disse ela.

Tentei fechar-lhe a porta, mas ela pôs o pé no meio.

"Por favor," ela implorou. "É sobre o Pedro. Ele está a piorar."

            
            

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