Eu, Clara, estava grávida de oito meses, com o futuro do meu restaurante de família a brilhar.
Uma noite, o cheiro a fumo acordou-me.
O restaurante estava em chamas, e eu e a minha mãe estávamos encurraladas.
Liguei para o meu marido, Leo, o homem que eu pensava me amar.
Ele atendeu, mas a música alta e a sua voz irritada abafaram as minhas súplicas:
"Não exageres, Clara. É a grande noite da Sofia. Não posso sair agora."
E desligou.
Fui resgatada, mas a dor do incêndio era nada comparada à que se seguiu: perdi o nosso bebé.
No hospital, Leo e a sua família não vieram confortar-me, mas sim culpar-me por "estragar" a festa da irmã dele, Sofia.
"Foi só um feto", zombou a minha sogra, Helena.
Naquele momento, encarei o meu marido e vi um estranho frio, que valorizava uma festa mais do que a vida do nosso filho.
Foi então que uma verdade ainda mais cruel se revelou: o incêndio não foi um acidente, mas resultado da negligência de Sofia.
A dor e a raiva deram lugar a uma fria determinação.
"Quero o divórcio, Leo", declarei, para o choque deles.
Eles subestimaram a mulher que eu era.
E das cinzas, eu prometi que renasceria.