A Coragem de Uma Irmã
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Capítulo 2

O meu pai aproximou-se, com o rosto sombrio.

"Eva, para."

A sua voz era baixa e carregada de dor.

Olhei para ele, para o seu cabelo que tinha ficado visivelmente mais grisalho em apenas alguns dias.

Senti uma pontada no coração.

Mas não podia parar.

Se eu parasse agora, estaria a desrespeitar o meu irmão morto.

"Pai, tu também sabias, não sabias? Sabias que a família do Pedro está a tentar encobrir isto."

O meu pai não respondeu, apenas me olhou com um olhar complexo.

O pai do Pedro, o Sr. Almeida, um homem que sempre me tratara com gentileza, aproximou-se com uma expressão séria.

"Eva, eu compreendo a tua dor. Mas o Tiago vai assumir a responsabilidade legal. A nossa família não vai fugir à responsabilidade."

"Responsabilidade legal?"

Ri-me com desdém.

"Que responsabilidade? Pagar algum dinheiro? Pedir desculpa? Isso pode trazer o meu irmão de volta?"

"Eva, sê razoável!"

Pedro gritou, a sua paciência tinha chegado ao limite.

"O que mais queres que façamos? Queres que o Tiago pague com a vida dele? Isto é uma sociedade regida pela lei!"

"Lei?"

Virei-me para ele, os meus olhos estavam frios.

"Quando o teu primo estava a conduzir bêbado, pensou ele na lei? Quando vocês decidiram esconder a verdade de mim, pensaram na lei?"

"Nós não escondemos nada! A polícia está a investigar!"

Pedro defendeu-se, mas a sua voz denunciava a sua falta de confiança.

"A investigar?"

Tirei o meu telemóvel do bolso e mostrei-lhes uma fotografia.

Era uma captura de ecrã de uma publicação nas redes sociais da Sofia.

Foi publicada na noite do acidente.

Na foto, a Sofia, o Pedro e o Tiago estavam a sorrir para a câmara, com um bolo de aniversário à frente deles.

A legenda dizia: "A melhor festa de aniversário de sempre! Obrigada, irmão e primo!"

O ar ficou pesado.

Os rostos dos Almeida ficaram pálidos.

"Isto... isto foi antes do acidente."

Sofia gaguejou, tentando explicar.

"Antes?"

Aproximei-me dela, a minha voz era perigosamente calma.

"Então diz-me, Sofia, depois de o teu primo ter morto o meu irmão, o que é que vocês fizeram? Foram diretos para casa chorar? Ou continuaram a festa?"

O seu rosto perdeu toda a cor.

Ela recuou, tropeçando nos seus próprios pés.

Pedro apanhou-a, olhando para mim com um olhar de traição.

"Eva, como pudeste? Estás a investigar-nos?"

"Investigar?"

Senti vontade de rir.

"Pedro, isto não é uma investigação. Isto é a verdade. Uma verdade que vocês tentaram esconder de mim."

Virei-me para o Sr. Almeida.

"Sr. Almeida, sempre o respeitei como um ancião. Mas agora, só sinto nojo."

"A vossa família pode ter dinheiro e poder. Podem conseguir que o vosso primo receba uma sentença mais leve. Mas eu digo-vos uma coisa."

Fiz uma pausa, olhando para cada um deles.

"Eu não vou desistir. Vou fazer com que ele pague o preço que merece. Mesmo que tenha de arriscar tudo."

Depois de dizer isto, virei-me e saí.

Não olhei para trás.

Sabia que os meus pais estavam a chamar-me.

Sabia que o Pedro estava furioso.

Mas nada disso importava.

Naquele momento, só havia um pensamento na minha mente.

Vingança.

            
            

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