A Coragem de Uma Irmã
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Capítulo 3

Saí do cemitério e vaguei sem rumo pelas ruas.

O sol estava forte, mas eu sentia um frio que me trespassava.

O meu telemóvel tocou.

Era o Pedro.

Rejeitei a chamada.

Ele ligou outra vez.

Rejeitei outra vez.

Depois de várias tentativas, ele desistiu e enviou-me uma mensagem.

"Eva, onde estás? Precisamos de conversar. Não tomes decisões precipitadas."

Outra mensagem chegou logo a seguir.

"Eu sei que estás zangada, mas cancelar o noivado é demasiado sério. Pensa nos nossos anos juntos."

Anos juntos.

Sim, estávamos juntos há cinco anos.

Desde a universidade até agora.

Eu pensava que o conhecia.

Mas agora, percebi que nunca o conheci de verdade.

Respondi com uma única frase.

"Não há nada para conversar. Acabou."

Ele respondeu quase instantaneamente.

"Não podes fazer-me isto, Eva. Eu amo-te."

Amor.

Que palavra irónica.

Se ele me amasse, não me teria mentido.

Se ele me amasse, teria ficado ao meu lado quando eu mais precisei dele.

Bloqueei o número dele.

Depois, bloqueei a Sofia e todos os membros da família Almeida.

Não queria mais ver os nomes deles, nem ouvir as suas vozes.

Sentei-me num banco de jardim e olhei para o céu.

O céu estava tão azul, sem uma única nuvem.

Era um dia tão bonito.

Mas o meu mundo estava cinzento.

Lembrei-me do meu irmão.

Lembrei-me do seu sorriso, da sua voz, da forma como ele me chamava "mana".

Ele era tão jovem, tão cheio de vida.

Tinha tantos sonhos.

Queria ser arquiteto, queria viajar pelo mundo.

Agora, todos os seus sonhos tinham sido reduzidos a cinzas.

As lágrimas que eu tinha segurado finalmente caíram.

Chorei silenciosamente, deixando as lágrimas escorrerem pelo meu rosto.

Não sei quanto tempo chorei.

Quando finalmente parei, os meus olhos estavam inchados e doridos.

Peguei no meu telemóvel e liguei a um advogado.

Um advogado que um amigo me tinha recomendado, conhecido por lidar com casos difíceis.

"Bom dia, aqui fala o Dr. Silva."

A sua voz era calma e profissional.

Respirei fundo, tentando manter a minha voz firme.

"Dr. Silva, o meu nome é Eva. O meu irmão foi morto num acidente de viação por um condutor bêbado. Quero processá-lo."

"Lamento muito pela sua perda, menina Eva. Pode contar-me os pormenores?"

Contei-lhe tudo.

O acidente, a identidade do condutor, a atitude da família Almeida.

Ele ouviu pacientemente, sem me interromper.

Quando terminei, ele ficou em silêncio por um momento.

"Menina Eva, este caso pode ser complicado. A família Almeida é influente na cidade."

"Eu sei."

A minha voz era firme.

"Mas não me importo. Quero justiça para o meu irmão."

"A justiça pode ter um preço."

Ele avisou.

"Estou disposta a pagar qualquer preço."

Houve uma pausa do outro lado da linha.

Depois, ele disse: "Muito bem. Gosto da sua determinação. Encontre-se comigo no meu escritório amanhã de manhã. Vamos ver o que podemos fazer."

Desliguei o telefone, sentindo um vislumbre de esperança pela primeira vez em dias.

Não seria fácil.

Sabia disso.

Mas não estava sozinha.

Tinha a memória do meu irmão para me dar força.

E não ia descansar até que a justiça fosse feita.

            
            

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