Capítulo 5

Naquela noite, ele ficou.

Nossos corpos se moveram em um ritmo familiar, mas algo estava diferente.

Havia uma distância entre nós, um abismo que a intimidade física não conseguia preencher.

Depois, deitado ao meu lado, ele perguntou, com a voz abafada pelo travesseiro.

"Você está com raiva por causa da demissão?"

Era uma pergunta carregada. Ele estava me testando.

Eu respirei fundo, engolindo minha raiva, minha dor, meu orgulho.

"Não. Eu não estou com raiva."

Claro que eu estava. Eu estava furiosa. Mas eu não podia dizer isso.

Eu dependia dele.

Eu o conheci há três anos. Meu pai tinha uma dívida enorme com a família dele. Para salvar minha família da ruína, eu concordei em me tornar sua amante.

Era um contrato.

Ele pagava as dívidas do meu pai e, em troca, eu era dele.

Eu tinha que ser obediente. Tinha que ser a mulher perfeita, sempre disponível, sempre compreensiva.

Essa era a minha função.

Eu não tinha o direito de ter raiva.

Ele não era meu namorado, nem meu marido. Ele era meu dono.

E eu, sua propriedade.

Ele me abraçou por trás, sua voz um sussurro no meu ouvido.

"Você é minha, Sofia. Só minha. Lembre-se disso."

Era uma promessa e uma ameaça.

Eu era o seu canário dourado, preso em uma gaiola de luxo.

Bonita de se ver, mas sem liberdade para voar.