O aniversário de casamento deles chegou uma semana depois.
Thiago, já a recuperar em casa com a ajuda de fisioterapeutas, parecia sentir-se culpado.
Ele entrou na cozinha, onde Sofia estava a testar uma nova receita de macarons de lavanda e mel. O cheiro enchia o ar.
"Sofia," disse ele, a voz invulgarmente suave. "Veste-te. Vamos sair."
Sofia olhou para ele, desconfiada. "Sair? Para onde?"
"É o nosso aniversário. Tenho uma surpresa."
Ele estendeu-lhe uma caixa de veludo. Dentro, um colar de diamantes brilhava. Era lindo e caro, mas o gesto pareceu vazio.
Ela sentiu um nó no estômago, mas decidiu seguir o jogo. Talvez, apenas talvez, ele estivesse a tentar.
Ela vestiu um vestido simples e elegante, pôs o colar e deixou que ele a levasse.
O carro parou em frente a um dos locais mais badalados de São Paulo. Uma enorme faixa na entrada dizia: "Festa de Lançamento da Marca 'Isabela Rocha'".
O coração de Sofia gelou.
Não era uma celebração do aniversário deles. Era a festa dela.
Thiago pareceu não notar a sua rigidez. Ele sorriu, orgulhoso.
"A Isabela tem trabalhado tanto nisto. Eu queria mostrar o meu apoio. E queria que estivesses aqui comigo."
Sofia sentiu-se como uma idiota. Uma tola que, por um breve momento, acreditara que ele poderia ter mudado.
Ela era apenas um acessório, a esposa troféu para manter as aparências.
Isabela veio cumprimentá-los, deslumbrante num vestido vermelho. Ela abraçou Thiago com força.
"Thiago, querido! Vieste! E trouxeste a Sofia. Que amor." O tom dela era condescendente.
Ela olhou para o colar de Sofia. "Que lindo. O Thiago tem um gosto excelente."
Depois, ela virou-se para Thiago, os olhos a brilhar. "Trouxeste o meu presente?"
Thiago sorriu e mostrou o pulso. Ele usava um relógio de luxo, uma peça de edição limitada que Sofia sabia que custara uma fortuna.
"Feliz lançamento, Isa."
Ele tirou o relógio e colocou-o no pulso de Isabela.
Sofia ficou ali, a observar a cena, sentindo-se completamente invisível. A humilhação era um sabor amargo na sua boca.
Ela deu um passo atrás, precisando de ar.
Ela foi para a varanda, onde o céu escurecia rapidamente. Uma tempestade estava a formar-se.
Ela queria ir para casa. Queria gritar. Queria chorar. Mas não fez nada. Apenas ficou ali, a sentir o vento frio no rosto, enquanto a festa continuava lá dentro.
Ela não pertencia àquele lugar. Ela não pertencia à vida dele.
A única coisa que sentia era um vazio frio e uma determinação crescente.
Faltava pouco.