A Rejeição e a Redenção
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Capítulo 2

Dois dias depois, tive alta. Miguel ajudou-me com as malas. A minha perna ainda estava ligada e eu precisava de uma muleta para andar.

"Tens a certeza disto, Tiago? Voltar para o Porto? Um casamento arranjado?"

"Tenho," respondi, sem hesitar. "Preciso de um novo começo."

Antes de sairmos do hospital, eu precisava de ir buscar os resultados de uns exames finais. Miguel foi tratar da papelada da alta.

Enquanto esperava no corredor, vi-as.

Sofia e Ricardo.

Ele estava numa cadeira de rodas, com uma perna engessada. Ela empurrava a cadeira com uma expressão de preocupação e carinho que eu, aparentemente, nunca tinha recebido.

O meu coração não acelerou. A minha respiração não mudou. Eram apenas duas pessoas num corredor de hospital.

Mas Sofia viu-me. A sua expressão mudou instantaneamente. A preocupação deu lugar a uma hostilidade fria.

"O que é que estás aqui a fazer?" cuspiu ela. "Estás a seguir-me outra vez?"

A sua voz era cortante. A acusação era tão absurda que eu quase me ri.

"Estou no hospital porque tive um acidente," respondi calmamente. "O mesmo que me pôs com esta muleta."

Apontei para a minha perna.

Ricardo olhou para mim com um sorriso arrogante. "Ah, então tu és o famoso Tiago. O admirador secreto."

Sofia apresentou-me com desdém. "Ricardo, este é o Tiago Almeida. Um colega de trabalho."

Um colega de trabalho. Era só isso que eu era para ela, depois de sete anos de... devoção?

"Lamento pela tua perna," disse eu a Ricardo, educadamente. Tentei explicar a minha situação. "Na verdade, o acidente fez-me perder parte da memória..."

"Doutor! O paciente do quarto 302 precisa de si!"

Uma enfermeira interrompeu-me, e eu tive de me afastar para fazer os exames.

Quando voltei, eles já não estavam no corredor. Senti um alívio estranho.

Mais tarde, encontrei Miguel à saída. Ele parecia agitado.

"A Sofia e o Ricardo estão na quinta este fim de semana. Eles convidaram-me. E... bem, convidaram-te a ti também. Para te redimires, segundo a Sofia."

"Redimir-me de quê?"

"Ela acha que tu és o culpado pela lesão do Ricardo."

Eu ri-me. "Isto é ridículo."

"Eu sei. Mas talvez seja melhor ires. Para pores um ponto final nisto tudo antes de ires para o Porto."

Concordei, relutantemente. Talvez ele tivesse razão.

A quinta da família Costa era magnífica. Uma casa enorme, rodeada de jardins e com uma piscina cintilante.

Encontrei Ricardo junto à piscina, a apanhar sol. Sofia não estava por perto.

Aproximei-me, apoiado na minha muleta.

"Então," disse ele, sem sequer abrir os olhos. "Ainda não desististe dela, pois não? Mesmo depois de ela te ter deixado na estrada."

"Eu não sei do que estás a falar," respondi, a minha voz neutra. "Eu perdi a memória. Para mim, a tua namorada é só a irmã do meu melhor amigo."

Ele abriu os olhos e sorriu. Um sorriso que não chegava aos olhos. "Claro. A amnésia. Que conveniente."

Ele levantou-se e aproximou-se da beira da piscina. "Sabes, a Sofia ama-me. Sempre me amou. Eu só fui para o Reino Unido para fazer carreira. Mas agora voltei. E ela é minha."

A sua arrogância era palpável. Eu não sentia ciúmes, apenas um cansaço profundo.

            
            

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