Renascida para a Justiça
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Capítulo 3

Cheguei em casa com o coração mais leve do que em anos. O caminho da universidade para casa parecia mais brilhante, as cores mais vivas. A sensação de ter evitado a catástrofe me deu uma nova esperança. Eu mal podia esperar para ver minha família, para sentir o calor e a segurança do meu lar, agora protegido.

Entrei pela porta da frente, um sorriso no rosto, pronta para abraçar minha mãe.

"Mãe, cheguei!"

Mas meu sorriso morreu nos lábios. Meu corpo inteiro gelou.

Sentada no nosso sofá, rindo e conversando animadamente com minha mãe, estava Clara.

Ela estava ali. Na minha casa. No centro da minha família, parecendo pertencer totalmente ao lugar.

Minha mãe se virou, seu rosto se iluminando ao me ver.

"Sofia, querida! Que bom que você chegou. Olhe quem o Pedro trouxe para casa!"

Meu olhar se moveu para o meu irmão, Pedro, que estava sentado em uma poltrona próxima, sorrindo inocentemente. Ele se levantou e veio me dar um abraço.

"Sofia! Eu encontrei a Clara no campus. Ela parecia tão perdida. Ela me disse que você a convidou para passar o fim de semana aqui, mas que você deve ter se esquecido de nos avisar. Ainda bem que eu a encontrei, coitada. Eu não podia simplesmente deixá-la lá sozinha, né?"

O sangue em minhas veias virou gelo. As palavras de Pedro ecoaram na minha cabeça, cada uma delas um golpe.

Manipuladora. Astuta.

Clara não tinha aceitado a derrota. Ela simplesmente encontrou outro caminho, uma fraqueza que eu não tinha previsto: a bondade do meu irmão. Ela mentiu para ele, se fez de vítima, e ele, com seu coração puro e ingênuo, caiu na armadilha dela.

Eu olhei para Clara. Ela me deu um olhar que era uma mistura de falsa inocência e triunfo mal disfarçado. Havia um brilho em seus olhos que dizia: "Você vê? Você não pode me parar. Eu sempre consigo o que quero."

Meu estômago se revirou. A sensação de vitória que eu sentira antes se transformou em frustração e raiva. Eu a tinha subestimado. Ela era mais perigosa do que eu lembrava.

Naquele momento, eu estava encurralada. O que eu poderia fazer? Gritar que ela era uma mentirosa na frente da minha família? Acusá-la de ser uma manipuladora diabólica?

Eles não acreditariam em mim.

Para eles, Clara era apenas uma colega de quarto simpática e um pouco desamparada. Pedro a tinha trazido para casa. Se eu a atacasse agora, eu pareceria a louca, a ciumenta, a irracional. Clara venceria antes mesmo da luta começar.

Eu respirei fundo, forçando meus músculos a relaxarem, forçando um sorriso no meu rosto. Era o sorriso mais difícil que eu já tinha dado na minha vida.

"Ah, sim. Claro. A reforma do dormitório", eu disse, minha voz soando um pouco forçada. "Que bom que você encontrou o Pedro, Clara. Eu... eu estava tão distraída com os exames que acabei me esquecendo de avisar. Bem-vinda à nossa casa."

As palavras tinham gosto de veneno na minha boca.

Minha mãe sorriu, aliviada. "Que bom, querida. Já estávamos começando a nos preocupar. Venha, sente-se. Eu fiz bolo."

Sentei-me no sofá, o mais longe possível de Clara, meu corpo tenso como uma corda de violino. Eu tive que agir normalmente, tive que participar da conversa, tive que fingir que estava tudo bem.

Enquanto minha mãe e meu irmão continuavam a tratar Clara com a maior hospitalidade, eu a observava. Cada sorriso, cada palavra doce, cada gesto de gratidão era uma performance calculada. E eu era a única na plateia que sabia que tudo era uma farsa.

Quando nossos olhos se encontraram por um breve segundo, por cima da xícara de chá, ela me deu um sorriso mínimo, quase imperceptível. Não era um sorriso de amizade. Era um sorriso de vitória.

Um sorriso que prometia que o verdadeiro jogo estava apenas começando.

Naquele momento, eu entendi. Recusá-la não era suficiente. Expulsá-la não era suficiente. Para proteger minha família, eu teria que deixá-la ficar. Eu teria que mantê-la por perto, sob minha supervisão constante, onde eu pudesse ver cada movimento seu.

A batalha não seria travada na porta de casa, mas dentro dela. E eu precisava estar pronta para qualquer coisa. O ódio dentro de mim se acalmou, transformando-se em uma determinação fria e afiada. Se ela queria jogar, então nós iríamos jogar. Mas desta vez, seria com as minhas regras.

            
            

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