Capítulo 2 Audacioso e guerreiro. (Segunda parte)

Nossas riquezas, e esse é o perigo de tudo, não podemos usar os diamantes, nem outras pedras preciosas!

Isso chamaria a atenção dos urques da cidade, eles estão em um lugar.

Além de mim, tem o meu pai e irmãos, que sabem o local onde têm elas, e alguns guerreiros.

Tudo por questão da seguridade de meu povo, estamos escondidos há tantos anos, ninguém sabe onde é o local.

Um de nossos guerreiros usou uma das pedras, era os diamantes, para comprar sementes.

Sei ser o uso para nossa tribo, mas ele sabe ser arriscado.

Ele teve a punição, e antes de tentar chegar à cidade, eu o segui, e assim o fiz tomar de volta.

Luto pelo bem de todo o meu povo, toda minha gente e a nossa família.

Vivemos da natureza, por ela lutamos, nosso tesouro vem dela que nos sustentamos.

Matar é a única coisa que nos mantém vivos, desde a devastação dos brancos e suas maldades.

Eles tentam roubar as nossas terras, e muitas das vezes as nossas mulheres.

Travando uma luta constante vivemos assim, nem diariamente são de guerras...

Mas nossos inimigos estão sempre tentando roubar o que nós pertencemos.

O meu legado não pode ser destruído, sou um Muriê e vou lutar até o fim...

Eu não vou permitir, vou matar um por um até que não reste nenhum...

Dentre eles está o Klaus, ele era meu melhor e único amigo de infância, mas hoje é o meu inimigo mortal líder da tribo norte.

Como isso aconteceu?

A tribo norte era aliada a de meu pai, e ele era o meu amigo, tudo terminou com a perda da Luna.

Ele também gostava dela.

Até o dia em que a Luna se tornou minha prometida, e casou comigo, ele não suportou vê-la se tornando minha esposa.

Foi o bastante para romper a amizade, eu sabia de seus sentimentos por ela, nossa amizade era forte, tudo terminou por nossa disputa pela mesma mulher, e nenhum dos dois quis ceder.

Nós nos conhecemos desde pequenos, lutamos em muitas guerras juntos, eu tinha ele como Irmão.

Nossa amizade se perdeu, então nos tornamos os piores inimigos um do outro.

Klaus não voltou a pisar nas terras Muriês, e algum tempo sem dar notícia, algo aconteceu.

Recebemos a notícia de que a tribo do norte foi atacada e seu pai foi morto naquela mesma noite.

Ele assumiu o legado de seu pai, se tornou o novo cacique, com a liderança.

Klaus se vingou, ele desfez a aliança com o nosso povo, e assim foram dividas tribos.

Eu senti a falta dele, pois cresceu comigo, e quando éramos garotos, apostava nas corridas, subíamos em árvores altas.

Sempre entrávamos no rio, para ver as índias mulheres despidas jovens e assustadas, pregar peças nelas.

Sumir com as roupas dos guerreiros, e lançar armadilhas.

Eram amigos para todos os momentos, até onde sei ele estava solteiro. Até hoje e ainda afastados ele não visita a aldeia, e nem tenho notícias suas.

Falando em" sobreviver".

Vivemos da caça, alguns coelhos coiotes, matamos os cangurus, animais que nos dão permissão.

De alimentar a nossa família com a sua carne, tudo temos a permissão da mãe natureza.

Nosso rendimento em mantimentos, é pelas sementes de frutas e legumes, dentre outros, vêm da cidade.

Trocamos por artesanatos, feito pelas mulheres da tribo, tudo é feito para comprar sementes.

Elas trabalham bem, e a maioria dos artesanatos como bolsa, colar, brincos, vasos e itens para colocar em cabelos.

Além de não ter o suficiente, pois as terras não dão os frutos, o solo é seco em alguns lugares.

Os necessários frutos, e o local onde plantamos, só existe um lugar, mas temos a necessidade das sementes.

Sempre quando vou até à cidade dos

urque(Brancos) comprar sementes raras das quais precisamos...

Além do fato de sempre não gostar muito da forma como eles nos olham.

Eles nos olham, com preconceito, seus olhares são como de quem tem medo, não somos animais.

Não sei falar muito bem o idioma dos urques, mas tive que aprender, para comunicação.

Usamos os barcos, em três pontos estratégicos para não sermos seguidos...

Tudo no sudoeste da Austrália, local afastado com uma extensa floresta tropical.

Ao oeste está o deserto, lá foi um dos primeiros lugares onde o meu povo habitou.

O local onde nasci, e de toda a tragédia, e as minhas piores lembranças.

Doeu meu coração em vê-la morrendo, não gosto de lembrar.

Notícias que tem outras tribos, e os canibais são os piores entre os inimigos, são os próprios demônios na terra.

Os piores!

Sempre tem um dos nossos guerreiros sumindo, e estamos investigando...

Meu pai está impaciente, e quer que eu me case com uma índia da tribo aliada.

Já houve uma apresentação, mas hoje será o dia da festa de noivado, desde que minha mulher morreu.

Confesso que não estou nem um pouco contente com isso, meu pai está me pressionando para esse matrimônio.

Ele sabe que eu não pretendo me casar, mas eles têm preocupações por mim.

Tenho dois irmãos, eles sempre esteve ao meu lado, e quando minha mulher partiu.

Continuei sozinho na minha tenda, ninguém se atreve a entrar sem minha permissão.

Essa é a minha primeira moradia, desde que minha esposa morreu, vivo aqui.

Ainda guardo seus, veste, cada roupa dela ainda tem o seu cheiro, a tenda tem o seu toque.

Não desejo mais ninguém, além da Luna,tranquei o meu coração para o amor.

Aqui deitado estou pensando, e esperando chegar o amanhã, pois será o noivado.

Pego uma peça de sua roupa dela, assim sinto o seu cheiro, adormeço com ela, que está sempre viva em minhas lembranças.

Com a única promessa que fiz no seu enterro.

"Vou me vingar"

Não é só por ela, também pela minha mãe... e todo o meu povo Muriê.

No dia seguinte acordo, e assim começo a fazer os meus deveres, e antes de tudo.

Faço o meu desjejum, e quando estou comendo, levo um susto com o meu irmão.

__Kauê!

__Hoje vai conhecer sua noiva!

A tribo está em festa, todos estão muito animados, faz um bom tempo, que não temos uma festa assim e desde...

você sabe!

__Estamos animados, será tão importante para união das tribos, eles trouxeram presentes.

Sabe que se dependesse de mim, não haveria casamento.

__Eu estou sendo obrigado a isso!

Kauê!

__Você tem tanta sorte,sei que a moça é muito bonita, e ela é cobiçada entre os guerreiros!

__Está tudo pronto para a festa!

Esse me chamando, e a todo sorriso, é o guerreiro Joabe, meu amigo fiel, e guerreiro nato.

__Eu não estou nada feliz com essa decisão de meu pai, não quero me casar, muito menos esse noivado tão rápido!

__Mas Kauê, Irmão!

__A noiva é muito bonita!

__Irmão sei que ainda tem sentimentos, pela sua falecida esposa.

__já está na hora de te dar uma nova hipótese para o amor, e, além disso...

Precisa de filho!

De uma certa forma, ele tem razão a esse quesito, porém meu coração diz outra coisa.

__Joabe volte a segurança dos guerreiros, mande eles ficarem espertos!

__Ainda ontem tivemos invasões, eu quero que tudo esteja bem, se vou me casar.

__A segurança da tribo está em primeiro lugar, só farei esse sacrifício por conta do meu pai!

__Terei que encarar isso, enfrentar as decisões que meu pai tomou, ainda que eu ame a Luna.

__Essa decisão não é minha!

__Terei que aceitar o meu destino, e assim ter uma nova esposa.

__Mas o meu pai insiste, e eu não sei como sair dessa situação.

Terei que me casar, conforme o seu desejo.

            
            

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