O Aviso de Daniel
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Capítulo 4

O carro parou em um semáforo, e o desespero começou a me consumir. Eu estava presa. As ruas pareciam estranhamente vazias, o mundo lá fora indiferente ao meu pesadelo particular. Então, eu o vi.

Parado na calçada, olhando para o celular, estava Lucas.

O melhor amigo de Daniel. Meu amigo.

Uma onda de alívio tão intensa me atingiu que quase chorei. Lucas. Ele saberia o que fazer. Ele acreditaria em mim.

Bati no vidro com força. "Lucas! Lucas!"

Ele levantou a cabeça, surpreso. Seus olhos se arregalaram quando me viu no carro, vestida de noiva, com o rosto em pânico.

Os impostores na frente se viraram, suas expressões se tornando tensas. Por um segundo, vi novamente aquele efeito horrível no rosto da mulher: suas feições pareceram escorregar, distorcer-se de raiva e surpresa, antes de se recomporem.

Lucas correu para a janela do carro. "Sofia? O que está acontecendo? Você está bem?"

"Eles não são meus pais!" eu sussurrei freneticamente, pressionando meu rosto contra o vidro. "Lucas, me ajuda! Eles são impostores!"

Ele olhou para o casal no banco da frente, depois para mim, sua testa franzida em confusão.

Eu tive uma ideia. Agarrei meu celular, que eu havia conseguido esconder no bolso do casaco que coloquei sobre o vestido. Rapidamente, digitei na tela de notas: "CICATRIZ ERRADA. BRINCO ERRADO. SOCORRO."

Virei a tela para ele, escondendo-a com meu corpo da visão dos impostores. Os olhos de Lucas se arregalaram ainda mais quando ele leu. Ele entendeu.

O sinal abriu. O carro começou a se mover.

"Espere!" gritou Lucas, batendo no capô do carro. "Tia, Tio! Acho que Sofia deixou algo importante em casa! O buquê! Ela esqueceu o buquê!"

O impostor que se passava por meu pai freou bruscamente. "O quê? O buquê?"

"Sim! Ela não pode se casar sem o buquê! Eu posso ir buscar! Ou melhor, por que vocês não a levam até a floricultura aqui perto? Eu encontro vocês lá. É mais rápido."

Era uma desculpa esfarrapada, mas a menção de algo faltando no "casamento perfeito" pareceu perturbar a mulher.

"O buquê... claro, o buquê. Não podemos esquecer" , ela murmurou, quase para si mesma.

Lucas olhou para mim, um olhar que dizia "siga o plano" .

"Mãe, eu... eu acho que estou passando mal. Preciso de um pouco de ar. Posso ir ao banheiro na loja de conveniência ali?" eu disse, apontando para uma loja na esquina.

A mulher hesitou, seus olhos frios me analisando. Por um momento, pensei que ela diria não. Mas então, ela deu um sorriso estranho, rígido e sem vida.

"Claro, querida. Vá. Nós esperamos aqui."

Sua permissão súbita era mais assustadora do que uma recusa. Mesmo assim, era minha única chance.

Abri a porta e saí correndo do carro, sem olhar para trás. Corri em direção à loja de conveniência, meu coração batendo descontroladamente. Quando estava prestes a entrar, meu celular vibrou no bolso.

Puxei-o, esperando uma mensagem de Lucas.

Mas a mensagem era de Daniel.

"Não confie no Lucas."

                         

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