Nove Vidas, Um Só Amor
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Capítulo 2

Lucas não esperou por uma reação, ele se virou e caminhou em direção à porta, cada passo uma declaração de sua recém-descoberta liberdade, ele só queria sair daquele hospital, daquela cidade, daquela vida.

"Onde você pensa que vai?", a voz de Isabella cortou o ar, fria e afiada como uma lâmina.

Antes que ele pudesse alcançar a maçaneta, ela o agarrou pelo braço, suas unhas cravando em sua pele com uma força surpreendente, o aperto era de ferro, inegociável.

"Eu te fiz uma pergunta, Lucas", ela disse, seu rosto a centímetros do dele, seus olhos escuros faiscando de raiva. "Você não vai a lugar nenhum sem a minha permissão."

"Me solta, Isabella", ele disse, tentando se livrar do aperto dela, mas ela apenas apertou com mais força.

Nesse momento, o olhar dela caiu sobre a lixeira, onde o porta-retratos quebrado repousava entre os resíduos hospitalares, um brilho perigoso passou por seus olhos. Ela o arrastou de volta para o centro do quarto e o empurrou, fazendo-o tropeçar e cair no chão.

Ela se abaixou e pegou a foto quebrada, seus dedos roçando os cacos de vidro, ela olhou para a imagem dos dois sorrindo, e então seu olhar se fixou em Lucas, cheio de um desprezo gelado. "O que é isso? O que significa isso?"

Antes que Lucas pudesse responder, Gabriel interveio, seu tom era falsamente preocupado. "Meu amor, não se estresse com ele, ele deve ter visto um relógio caro ou a carteira de alguém e estava tentando fugir para vender, é o que gente como ele faz."

Era uma mentira descarada, uma acusação vil, mas Isabella a aceitou sem hesitar, seus olhos se estreitaram, a raiva se transformando em uma fúria fria e calculada.

"É isso, Lucas? Você estava tentando nos roubar? Depois de tudo que fizemos por você? Depois que eu te tirei daquele lugar imundo e te dei um lar?", a voz dela era baixa, mas cada palavra era um golpe.

"Não, eu só...", ele começou, mas ela o interrompeu.

"Cale a boca!", ela sibilou. "Eu cansei das suas mentiras, da sua ingratidão."

Ela se levantou e caminhou até ele, o salto de seu sapato estalando contra o piso, ela ficou de pé sobre ele, uma figura imponente de fúria e poder. Então, sem aviso, ela o chutou nas costelas.

A dor explodiu em seu lado, roubando-lhe o ar, ele se encolheu, tossindo, tentando proteger seu corpo.

"Isso é para você aprender a não ser ingrato", ela disse, sua voz desprovida de qualquer emoção. Ela o chutou de novo, no mesmo lugar. "Isso é para você aprender o seu lugar."

Gabriel observava com um sorriso satisfeito, acariciando seu cachorro como se estivesse assistindo a um espetáculo divertido.

"Você é um fardo, Lucas. Um erro que eu cometi", Isabella continuou, sua voz ecoando no quarto silencioso. "Eu deveria ter te deixado naquele orfanato, apodrecendo com os outros como você."

Cada palavra era mais dolorosa que os chutes, ela pegou um copo de água da mesa de cabeceira e o derramou sobre a cabeça dele, a água fria escorrendo por seu rosto e cabelo, misturando-se com as lágrimas silenciosas que ele não conseguia conter.

"Você vai ficar aqui", ela ordenou. "Vai ficar trancado neste quarto até aprender a ser obediente, talvez um pouco de fome te ensine a ter modos."

Ela se virou e saiu, Gabriel a seguindo, lançando um último olhar triunfante para Lucas, caído e encharcado no chão. A porta se fechou com um clique alto, e o som da chave girando na fechadura foi o som final de sua esperança sendo esmagada.

Ele ficou ali, deitado no chão frio, a dor em suas costelas pulsando em sincronia com a dor em seu coração, ele estava preso, mais uma vez, em uma gaiola construída pela mulher que ele um dia amou. A escuridão do quarto parecia engoli-lo, e um desespero profundo e avassalador tomou conta dele, a liberdade que ele provou por um breve momento agora parecia uma piada cruel.

Horas mais tarde, quando a fome começou a apertar e a dor em suas costelas se tornou uma agonia constante, a porta se abriu novamente, era Isabella, seu rosto era uma máscara de indiferença.

"Você já pensou sobre o seu comportamento?", ela perguntou, como se estivesse falando com uma criança teimosa.

Lucas não respondeu, ele apenas a encarou do chão, seu olhar vazio.

Sua falta de resposta pareceu irritá-la ainda mais. "Não pense que seu silêncio vai me comover, se você tentar fugir de novo, Lucas, eu juro que vou quebrar suas pernas, você me entendeu? Você pertence a mim, e só sairá daqui quando eu permitir."

A ameaça pairou no ar, fria e real. Ela saiu, trancando a porta novamente, deixando-o sozinho com a dor, a fome e a certeza de que seu pesadelo estava longe de terminar.

            
            

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