Capítulo 5 A entrevista.

Raka, entra relutante na imponente sala, tudo ali cheirava luxo e riqueza. Ela mesma ainda não acreditava que estava ali para ser entrevistada para aquela tão importante vaga de emprego. Ali era o sonho de qualquer recém formada. A chance de trilhar uma careira sólida e de alcançar prestígio.

Um cacho dos cabelos anelados caiu em seus olhos, fazendo ela estremecer.

Ela olhou para mesa onde certamente um idoso senhor Bomsamar a esperava para decidir seu destino. E ficou surpresa ao ver que sentado na mesa principal daquela sala o jovem moreno que a convocou no primeiro andar.

Ela corou com a possibilidade de ser ele o poderoso Lionel Bomsamar. Se fosse ele, pela maneira como a tratou no andar debaixo seria impossível conquistar seu lugar naquele hospital.

"Sente-se senhorita Kellgos, não tenho o dia todo." Ele disse sem levantar os olhos dos papéis que estavam sobre a mesa.

"Vejo aqui no seu curriculum que fez várias especializações, durante a sua Graduação. Isso é bom! Apesar de estarmos procurando alguém com experiência." Ele levantou então os olhos e a encarou fixamente, e perguntou em um tom desdenhoso.

"Me diga. Porque você se qualifica para o cargo? O que você deseja trabalhando nesse hospital?"

Responder as perguntas que ele lhe fez sem desviar os olhos era quase impossível, ainda mais, vendo neles tanto desdém, uma aversão a ela, que há muito tempo ela não percebia em ninguém mais.

Ela então pigarreou e disse.

"Bem senhor, todos que se candidatam para trabalhar nesse tão conceituado hospital querem consolidar uma carreira. E mesmo não tendo experiência de trabalho. Passei os últimos anos cuidando de uma filha especial e pude colocar em prática muito do que venho aprendendo nesses anos de formação. Sou criativa, bem disposta, gosto de aprender e quero contribuir para manter o nome e o estigma que essa instituição tem."

Aquele texto falado havia sido decorado por dias, desde que fez sua candidatura para aquele cargo.

Ele lançou um olhar frio para ela, e respondeu entre dentes.

"Não me decepcione senhorita Kellgos, ou posso acabar com sua carreira antes mesmo dela começar. Este hospital é minha vida, o ar que eu respiro. Onde vivo todas as horas do meu dia, e não permito em minha equipe ninguém que não mereça estar aqui."

Oh! Pensou Raka, ele realmente é o todo poderoso senhor Bomsamar.

"Eu...eu... agradeço a oportunidade senhor... n não vou decepciona-lo."

Ela disse ainda sentada, atônita por conseguir aquela tão importante oportunidade.

"Você já pode se retirar senhorita, passe no RH e veja os detalhes da sua contratação". Ele disse em um tom frio, que ela podia jurar que havia uma nota de raiva nas entrelinhas. A aversão que ele exalava por ela estava pairando no ar e ela não podia entender o porquê.

Ela apressou-se a levantar e se colocar para fora daquela sala.

Do lado de fora daquela sala, a linda secretária a encarava, com um papel na mão.

"Senhorita, aqui está a lista de documentos que você precisa providenciar. Você tem 5 dias para apresentar ao RH e assinar seu contrato. No sexto dia você inicia seu trabalho. E não se esqueça, será um contrato de exclusividade. Agora você será propriedade desse hospital".

E com um sorriso diabólico que não pode deixar de ser notado ela disse:

"Será propriedade do Lionel."

Aquelas palavras fizeram o coração de Raka gelar. Um misto de medo e de ansiedade. Ela sabia que o contrato de exclusividade impediria

que ela de trabalhasse em outros lugares. Mas ela jamais seria propriedade de homem algum. Nunca mais em sua vida. Homem nenhum seria seu dono.

Raka ergueu a cabeça em uma atitude de empávia, pegou com raiva aquele papel. E saiu pisando forte para fora daquela sala.

"Quem eles pensam que são? Se acham melhor que os demais. Olharam para ela com desdém, com aversão. E agora isso. Propriedade. Propriedade jamais".