Justiça Distorcida
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Capítulo 1

Na nossa cidade, o nome Silva é sinônimo de poder, de dinheiro, mas também de um medo profundo que corre pelas ruas como um veneno.

Dizem que o herdeiro da família, Pedro Silva, é um gênio dos negócios, um homem que transforma tudo o que toca em ouro.

Mas sussurram também que ele é um monstro.

Um monstro que se alimenta da vida para sustentar a sua.

Pedro sempre foi uma criança doente, pálido, frágil, um sopro de vida que os médicos diziam que não passaria dos vinte anos.

A família Silva, com todo o seu poder, não podia comprar a saúde do filho.

Desesperados, eles arranjaram um casamento de "boa sorte" para ele.

Uma tradição antiga, bizarra, que dizia que o casamento com uma noiva jovem e saudável poderia trazer sorte e transferir vitalidade.

Eles precisavam de um herdeiro, e o tempo de Pedro estava se esgotando.

A primeira noiva foi escolhida.

Uma jovem linda, cheia de vida.

Na noite de núpcias, algo terrível aconteceu.

Ela foi encontrada morta no dia seguinte.

O corpo, diziam os poucos que viram, estava irreconhecível, desfigurado, como se toda a vida tivesse sido sugada dela, deixando para trás apenas uma casca seca e vazia.

A cidade ficou em choque, o horror se espalhou.

Mas um milagre aconteceu.

A saúde de Pedro Silva melhorou da noite para o dia.

Ele, que mal conseguia sair da cama, agora caminhava com vigor. A palidez doentia foi substituída por um brilho saudável no rosto.

A família Silva usou seu dinheiro e influência para abafar o caso.

A morte da noiva foi declarada um acidente trágico e infeliz, um mal súbito.

Ninguém foi punido.

Nos oito anos seguintes, a história se repetiu.

Oito vezes.

A cada ano, uma nova noiva de "boa sorte" era arranjada para Pedro.

E a cada ano, uma jovem morria na noite de núpcias.

Oito noivas mortas.

Nenhuma delas sobreviveu à primeira noite na mansão dos Silva.

E a cada morte, Pedro se tornava mais forte, mais saudável, mais poderoso.

Ele viveu além dos vinte anos, chegou aos vinte e oito, um homem robusto e imponente, a imagem da saúde perfeita.

A maldição, ou o milagre, continuava.

O boato se tornou uma lenda urbana macabra.

As pessoas diziam que Pedro não era um homem, mas um demônio que consumia a vida de suas esposas para se manter vivo.

Detetives de fora da cidade foram chamados.

Eles investigaram por meses, reviraram a mansão, interrogaram a família, os empregados, todos.

Não encontraram nada.

Nenhuma prova. Nenhuma pista. Nenhuma arma do crime.

As autópsias eram inconclusivas, apontando para causas naturais que ninguém conseguia explicar.

A cidade entrou em pânico.

O nome Silva se tornou um tabu.

As jovens solteiras fugiam da família como se fossem a própria praga.

Nenhum pai em sã consciência ofereceria sua filha para o monstro da mansão.

A fonte de "noivas da sorte" secou.

E então, para o choque de todos, quando a família Silva anunciou que procurava a nona noiva, alguém se apresentou.

Voluntariamente.

Essa pessoa era eu.

Sofia.

Eu me ofereci para ser a nona noiva de Pedro Silva.

A cidade inteira me chamou de louca. De tola. De gananciosa.

Eles não sabiam a verdade.

Eles não sabiam que a primeira noiva, a primeira vítima, cujo corpo foi encontrado desfigurado há oito anos...

Era a minha irmã.

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