O Retorno da Vingadora
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Capítulo 1

Eu morri. Fui assassinada por uma multidão furiosa, incitada pelos filhos que eu amava mais que a minha própria vida. A última coisa que senti foi a dor lancinante e o frio do asfalto contra o meu rosto.

E então, abri os olhos.

A luz do sol entrava pela janela do meu quarto, o mesmo quarto que eu dividia com meu marido, Ricardo. O cheiro de café fresco vinha da cozinha. Olhei para o calendário na parede. A data era de um ano atrás, um dia antes do inferno começar.

Eu estava viva de novo. Tinha recebido uma segunda chance.

As memórias da minha vida passada eram claras, nítidas e dolorosas. Lembrei-me dos dias felizes. Ricardo e eu, incapazes de ter filhos biológicos, fomos ao orfanato com o coração cheio de esperança. Lá, encontramos Pedro e Paulo. Gêmeos idênticos, com olhos grandes e assustados. Nós os adotamos, os levamos para casa e dedicamos nossas vidas a eles.

Nós os amamos incondicionalmente.

Lembrei-me de ensinar-lhes a andar de bicicleta, de ajudar com a lição de casa, de celebrar cada aniversário com festas enormes. Eles eram o nosso mundo. Para nós, eles eram perfeitos.

Mas a perfeição era uma máscara.

Na minha vida passada, tudo desmoronou quando eles foram para a universidade. Um dia, eles nos ligaram, chorando. Disseram que estavam doentes. Quando os trouxemos para casa, a verdade veio à tona de uma forma distorcida e cruel. Ambos estavam grávidos.

Grávidos.

Antes que pudéssemos processar o choque, eles foram à público. Com lágrimas de crocodilo, em frente às câmeras de televisão, eles contaram uma história de horror. Eles acusaram Ricardo, o pai que os adorava, de tê-los estuprado repetidamente.

A acusação era uma mentira monstruosa, criada para esconder um segredo ainda mais sombrio.

Nós tentamos lutar. Apresentamos o atestado de vasectomia de Ricardo, um procedimento que ele fez anos antes de adotarmos os meninos. Ninguém acreditou. A mídia nos pintou como monstros. A opinião pública nos condenou sem julgamento. Fomos difamados, humilhados e isolados. Nossos amigos nos abandonaram. Perdemos nossos empregos.

A nossa vida se transformou num pesadelo.

A lembrança do fim era a mais vívida. Eu estava voltando para casa, depois de uma tentativa frustrada de falar com um advogado. Um grupo de extremistas, pessoas que acreditavam nas mentiras dos meus filhos, me cercou. Eles gritaram insultos. Cuspiram em mim. E então, a violência começou. Fui espancada até a morte na rua, como um animal.

Agora, deitada na minha cama, sentindo o calor do sol na minha pele, as lágrimas escorriam pelo meu rosto. Mas não eram lágrimas de tristeza. Eram lágrimas de raiva e determinação.

Desta vez, seria diferente.

Eu não sabia como ou por que, mas eu tinha voltado. E não ia desperdiçar esta chance. Eu ia descobrir a verdade por trás da gravidez deles. Eu ia descobrir o segredo que eles estavam protegendo com tanta ferocidade.

Eu ia expor suas mentiras.

Eu ia limpar o nome de Ricardo.

E eu ia fazer Pedro e Paulo pagarem por cada lágrima, cada insulto, cada gota de sangue derramado.

Desta vez, eu não seria a vítima. Eu seria a caçadora.

            
            

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