Quando estava prestes a descer, ouviu uma batida na porta. Era Laura, sorrindo docemente, mas com um brilho malicioso nos olhos. "Sofia, querida! Que bom que está se sentindo melhor. Miguel estava tão preocupado."
"Estou bem", respondeu Sofia, a voz tensa.
"Ótimo! Porque eu preciso de um favor. Preciso ir buscar meu vestido e meu motorista não apareceu. Você se importa de me levar? Estamos quase atrasadas", disse Laura, já pegando o braço de Sofia, sem esperar por uma resposta.
Sofia queria recusar, queria gritar para ela sair, mas a menção de Miguel a paralisou. Ela não queria causar uma cena, não queria que Miguel pensasse que ela estava sendo difícil. "Tudo bem."
No carro, Laura falava sem parar sobre a festa, sobre como Miguel era maravilhoso, sobre seus planos para a lua de mel. Cada palavra era uma agulha perfurando o coração de Sofia.
"Você sabe, Sofia, eu me sinto um pouco mal por você", disse Laura de repente, mudando o tom para um de falsa compaixão. "Deve ser difícil ver o homem que a criou se casar. Mas você tem que entender, ele é um homem agora. Ele precisa de uma mulher ao seu lado, não de uma... criança para cuidar."
Sofia apertou o volante, as juntas dos dedos brancas.
Laura notou sua reação e sorriu. "Ah, não fique chateada. Eu sei que você tem um carinho especial por ele. É natural. Mas é hora de seguir em frente." Então, como se para provar seu ponto, Laura pisou fundo no acelerador assim que entraram na rodovia.
O carro disparou para a frente. Laura ria, como se fosse uma grande aventura. "Vamos, viva um pouco!", ela gritou por cima do barulho do vento.
O estômago de Sofia se revirou, e uma dor aguda e lancinante atravessou seu abdômen. "Laura, devagar! Por favor!", ela implorou, o suor frio brotando em sua testa.
Laura apenas riu mais alto, desviando bruscamente entre os carros. A dor de Sofia se intensificou, tornando-se insuportável. Quando finalmente chegaram à mansão, Sofia mal conseguia ficar de pé. Ela saiu do carro, cambaleando, sentindo uma umidade quente escorrer por suas pernas.
Ela olhou para baixo. Uma mancha vermelha escura estava se espalhando em seu vestido claro. Sangue.
O pânico a dominou. Ela tropeçou nos degraus da entrada da mansão e caiu de joelhos na pedra fria, a dor a cegando.
Laura saiu do carro, o sorriso desaparecendo ao ver o sangue. Mas antes que pudesse reagir, a porta da frente se abriu.
Miguel estava ali, impecável em seu terno. Seus olhos se arregalaram ao ver a cena. Ele correu para fora, mas não foi para Sofia. Ele foi direto para Laura, que habilmente começou a chorar.
"Miguel! Foi horrível! Sofia estava dirigindo como uma louca! Eu disse a ela para ir devagar, mas ela não me ouviu! Eu acho que ela... eu acho que ela fez isso de propósito!", soluçou Laura, agarrando-se a ele.
Miguel olhou de Laura, em seus braços, para Sofia, caída e sangrando no chão. Seu rosto se fechou em uma máscara de fúria e decepção, dirigida inteiramente a ela. "Sofia, o que você fez?"