Grávida e Abandonada
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Capítulo 1

"Isabella está grávida."

A voz de Marcos era monótona, sem nenhuma emoção, mas cada palavra atingiu Sofia como um golpe físico, o ar foi expulso de seus pulmões, e ela sentiu uma tontura repentina.

Eles estavam na sala de estar da casa que haviam escolhido juntos, as caixas da mudança ainda empilhadas nos cantos, um testemunho silencioso de um futuro que agora parecia estar se desfazendo.

Sofia olhou para ele, para o noivo com quem planejava passar o resto da vida, e não o reconheceu, seu rosto era uma máscara de frieza.

"O que você disse?" ela conseguiu perguntar, a própria voz soando distante aos seus ouvidos.

"Isabella está grávida," Marcos repetiu, desta vez olhando diretamente para ela, "e o filho é meu, eu preciso assumir a responsabilidade."

Ele falou sobre responsabilidade e honra, sobre como a reputação de Isabella, sua ex-namorada, seria arruinada se ele a abandonasse nesse momento, ele não mencionou a reputação de Sofia, sua noiva, nem uma vez.

A injustiça da situação era tão grande, tão avassaladora, que Sofia sentiu o gosto amargo da bile subir pela sua garganta.

"E nós?" ela perguntou, o nó na garganta quase a impedindo de falar, "E o nosso casamento, Marcos? Falta um mês."

"Nós podemos adiar," ele disse com uma facilidade desconcertante, como se estivesse falando do tempo, "Isabella precisa de mim agora, a prioridade é proteger a ela e à criança."

Aquelas palavras, "proteger a ela", ecoaram na mente de Sofia, cada sílaba uma nova facada em seu coração, ele a estava descartando, trocando-a pela mulher que sempre fora uma sombra no relacionamento deles.

O mundo de Sofia desabou, as paredes da sala pareceram se fechar sobre ela, o chão sob seus pés desapareceu, e ela se agarrou ao braço do sofá para não cair.

Ela olhou para o rosto dele, procurando por qualquer sinal de remorso, qualquer vestígio do homem que ela amava, mas não encontrou nada, apenas uma determinação fria e uma distância que a assustou.

Em meio ao caos de sua mente em colapso, uma decisão clara e afiada se formou, um único pensamento lúcido em meio à dor.

"Eu quero terminar o noivado," ela disse, a voz surpreendentemente firme.

Marcos pareceu surpreso, talvez até um pouco irritado com a falta de drama, com a falta de lágrimas.

"Sofia, não seja precipitada," ele disse, o tom condescendente, "Você está chateada, eu entendo, mas vamos resolver isso depois que a poeira baixar."

Sua indiferença foi a gota d'água, a prova final de que ele não se importava, de que o sofrimento dela era apenas um inconveniente para ele.

Com as mãos tremendo, Sofia puxou o anel de noivado de seu dedo, o diamante que um dia simbolizou promessas e amor agora parecia um pedaço de vidro frio e sem vida.

O metal arranhou sua pele ao sair, uma dor física minúscula que não era nada comparada à dor que rasgava seu peito.

Ela estendeu a mão e colocou o anel na mesa de centro entre eles, o pequeno objeto fazendo um barulho agudo contra a madeira.

Ao olhar para o anel, a memória do dia em que ele o colocou em seu dedo a invadiu, eles estavam em um pequeno restaurante à beira-mar, o sol se pondo no horizonte, e ele se ajoelhou, os olhos cheios de lágrimas e amor.

Ele prometeu amá-la e protegê-la para sempre, a ironia daquela promessa era tão cruel que a fez soltar uma risada curta e sem alegria.

A realidade fria da sala, com as caixas e a expressão distante de Marcos, esmagou a doce lembrança.

"Isso não é de hoje, não é?" ela disse, a voz ganhando força a cada palavra, "Sempre foi a Isabella, todas as vezes que você me deixou esperando porque ela 'precisava de um amigo', todas as ligações tarde da noite, todas as desculpas."

Ela listou as pequenas traições, as concessões que fizera em nome do amor, a paciência que tivera, a dor que engolira, e a cada lembrança, sua raiva crescia, alimentando sua resolução.

Ele não a interrompeu, apenas ficou parado, ouvindo, como se as acusações dela não tivessem peso.

Sofia respirou fundo, preparando-se para o golpe final, a verdade que ela guardava como um segredo precioso.

"Sabe o que é mais irônico, Marcos?" ela disse, a voz tremendo um pouco, "Eu também estou grávida."

O choque no rosto dele foi visível, seus olhos se arregalaram, a mandíbula caiu ligeiramente, por um segundo, ela viu um vislumbre do homem que conhecia.

Mas o vislumbre desapareceu tão rápido quanto veio, substituído por uma expressão de desdém e acusação.

"Não minta, Sofia," ele disse, a voz gélida, "Não se rebaixe a esse nível, eu sei quando o bebê de Isabella foi concebido, não tente me enganar com um caso seu."

A acusação a atingiu com a força de um soco no estômago, ele não apenas a descartou, ele a caluniou, manchou a imagem do filho deles antes mesmo de ter a chance de nascer.

Uma dor aguda e lancinante atravessou seu abdômen, e ela se dobrou, ofegante, a mão pressionando a barriga instintivamente.

Era o corpo dela reagindo ao choque, ao estresse, à dor emocional se manifestando fisicamente.

Marcos a viu se curvar, viu a dor genuína em seu rosto, e sua reação foi de puro desprezo.

"Parabéns pela atuação," ele disse, a voz cheia de sarcasmo, "Mas eu não vou cair nessa, preciso ir, Isabella está me esperando."

Ele se virou e caminhou em direção à porta, sem olhar para trás, sem uma palavra de preocupação.

Sofia ficou ali, dobrada de dor, observando as costas do homem que amava se afastarem, deixando-a sozinha com os destroços de sua vida e um coração partido em mil pedaços.

            
            

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