Ela se agarrou ao braço de Marcos, o corpo frágil encostado nele, desempenhando o papel de uma mulher grávida e vulnerável com perfeição.
Isabella olhou para Sofia, que ainda estava curvada de dor, e um brilho de malícia passou por seus olhos.
"Ah, Sofia, você ainda está aqui?" ela disse, a voz falsamente simpática, "Marcos me contou sobre... a sua situação, sinto muito que você tenha precisado inventar uma mentira tão desesperada."
A audácia dela era inacreditável, ela estava ali, na frente de Sofia, distorcendo a verdade, pintando-a como a mentirosa.
Sofia olhou para Marcos, esperando, rezando para que ele visse através da farsa, para que ele a defendesse.
Mas Marcos apenas apertou o braço de Isabella de forma protetora.
"Vamos, Bella," ele disse suavemente para a ex-namorada, "Vou te levar para casa, você precisa descansar."
Ele não dirigiu uma única palavra a Sofia, seu silêncio era uma condenação, uma escolha clara, ele escolheu acreditar na mentira de Isabella em vez da verdade de sua noiva.
A dor no abdômen de Sofia se intensificou, uma cólica aguda que a fez gemer.
"Eu preciso ir ao hospital," ela sussurrou, mais para si mesma do que para eles.
Isabella ouviu.
"Ah, querido, a mãe do Marcos nos convidou para jantar hoje à noite," ela disse rapidamente, mudando de assunto, "Ela está tão animada para ser avó, não podemos decepcioná-la."
Marcos hesitou por um momento, olhando para Sofia.
"Sofia, você deveria ir também," ele disse, a voz desprovida de emoção, "É melhor esclarecermos tudo com a minha família de uma vez."
A ideia de ir a um jantar de família naquele estado era um pesadelo, mas uma parte dela, uma pequena e tola parte, ainda esperava que a verdade pudesse prevalecer, que se ela enfrentasse a família dele, eles poderiam ver a verdade.
Ela concordou com um aceno de cabeça, sentindo-se como uma prisioneira sendo levada para sua própria execução.
O jantar foi uma tortura, Sofia sentou-se à mesa, a comida intocada em seu prato, o estômago revirado, as cólicas indo e vindo em ondas.
Isabella era o centro das atenções, ela reclamava de náuseas matinais, de desejos estranhos, e a mãe de Marcos a atendia com uma devoção cega, servindo-lhe chá, afagando suas costas, tratando-a como a futura mãe do seu neto.
Marcos sentou-se ao lado dela, o braço possessivamente em volta de sua cadeira, os olhos cheios de uma ternura que ele não mostrava a Sofia há meses.
Ninguém parecia notar o rosto pálido de Sofia, o suor frio em sua testa, a maneira como ela se encolhia de dor a cada poucos minutos, ela era invisível, uma espectadora silenciosa de sua própria humilhação.
De repente, um dos criados tropeçou ao servir a sopa, e o prato quente voou na direção de Marcos.
Em um movimento rápido e dramático, Isabella se jogou na frente dele.
"Marcos, cuidado!" ela gritou.
A sopa quente espirrou em suas costas, e ela soltou um grito de dor, o som agudo e exagerado.
Marcos reagiu instantaneamente, ele empurrou a cadeira para trás com um barulho alto e correu para o lado de Isabella.
"Bella! Você está bem?" ele perguntou, a voz cheia de pânico.
No processo de se levantar, ele esbarrou com força em Sofia, que estava sentada ao seu lado, o impacto a derrubou da cadeira, e ela caiu no chão com um baque surdo, o quadril batendo dolorosamente contra o piso de mármore.
Ele nem percebeu, seus olhos, sua atenção, seu mundo inteiro estavam focados em Isabella.
Ele a pegou no colo com cuidado, como se ela fosse feita de porcelana, e a carregou para fora da sala de jantar, gritando por um médico.
Sofia ficou no chão, a dor em seu quadril se juntando à dor em seu abdômen, uma agonia dupla que a deixou sem fôlego.
Enquanto ela estava ali, caída e esquecida, as palavras de Marcos ecoaram em sua mente, a promessa que ele fez quando a pediu em casamento: "Eu sempre vou te proteger, Sofia, você nunca estará sozinha."
A ironia era tão amarga que quase a fez rir, ele não apenas a deixou sozinha, ele a empurrou para o abismo.
Ela se levantou lentamente, cada movimento uma tortura, e mancou para fora da sala, ninguém a ajudou, ninguém perguntou se ela estava bem.
No banheiro, ela levantou o vestido e viu o hematoma se formando em seu quadril, roxo e feio.
Ela limpou o rosto com água fria, olhando para a estranha pálida e de olhos vazios no espelho.
O corpo dela doía, mas era a dor em seu coração que era insuportável, uma ferida aberta e sangrando que parecia que nunca iria cicatrizar.
Ela estava sozinha, completamente sozinha.