O Último Adeus de Laura
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Capítulo 2

"Era do escritório. Uma emergência," Pedro disse, guardando o celular no bolso. "Preciso sair por algumas horas, mas volto logo. Não me espere acordada."

Laura apenas assentiu, o coração batendo forte contra as costelas. A mentira era tão descarada, tão insultuosa. O número que enviou a foto agora enviava uma nova mensagem. Era um nome e um endereço. Sofia. O nome a atingiu como um soco no estômago. Sofia, sua meia-irmã. A filha da mulher que a abandonou em um orfanato quando ela era apenas um bebê. A mulher que ela só conheceu há dois anos e que desde então tentava, de todas as formas, se infiltrar em sua vida.

Pedro se aproximou, deu-lhe um beijo rápido na testa. "Eu te amo."

As palavras saíram de sua boca com facilidade, mas para Laura, elas soaram vazias, profanadas. Ela o observou sair do apartamento, o som da porta se fechando foi como uma sentença final. A traição era ruim, mas a traição com Sofia era uma crueldade de outro nível. Era como se o destino estivesse zombando dela, unindo as duas maiores fontes de dor de sua vida: o abandono de sua mãe e agora a infidelidade de seu noivo.

Assim que ele saiu, ela recebeu outro anexo. Desta vez, um vídeo curto. Pedro e Sofia em um bar, rindo. Ele a puxou para perto e a beijou, não um beijo rápido, mas um beijo longo e apaixonado, cheio de uma familiaridade que fez o estômago de Laura se contrair. Havia mais fotos, deles de mãos dadas em um parque, dele comprando para ela um colar em uma joalheria. A mesma joalheria onde ele comprou seu anel de noivado.

A dor era aguda, paralisante. Mas por baixo da dor, uma raiva fria começou a borbulhar. Ela não ia desmoronar. Não ia dar a eles essa satisfação. Com as mãos trêmulas, ela abriu o laptop. Lembrou-se de um amigo de Pedro, um playboy que postava tudo em suas redes sociais. Ela encontrou o perfil dele e começou a procurar. Não demorou muito. Em seus stories, uma foto de um grupo de pessoas em um restaurante chique no centro da cidade. E lá estavam eles. Pedro e Sofia, sentados lado a lado, a mão dele possessivamente em sua coxa.

Laura vestiu um casaco, pegou as chaves do carro e saiu. Ela dirigiu mecanicamente, as ruas da cidade passando como um borrão. Ela estacionou do outro lado da rua do restaurante, as janelas de vidro do chão ao teto oferecendo uma visão clara do interior. Lá estava ele, o homem que ela amava, servindo vinho para sua meia-irmã, sorrindo para ela da mesma forma que sorria para Laura todas as manhãs.

Ele se inclinou e sussurrou algo no ouvido de Sofia, que riu e jogou a cabeça para trás. O gesto era tão íntimo, tão natural. A traição não era um erro de uma noite, um deslize. Era uma vida dupla. Uma vida inteira da qual ela não fazia parte.

Uma memória de seu primeiro encontro com Pedro a invadiu. Ela era apenas uma estudante de arquitetura tímida, derramando café em seus projetos na biblioteca da universidade. Ele, já um jovem empresário de sucesso visitando seu antigo campus, a ajudou a limpar a bagunça. Ele a achou adorável em sua vulnerabilidade, em sua paixão desajeitada por seus sonhos. Ele a fez sentir vista, especial. Agora, olhando para ele com outra mulher, ela se sentia invisível, uma tola.

Ela pegou o celular e, com uma calma que a surpreendeu, digitou uma mensagem para ele.

"Onde você está, meu amor? Sinto sua falta."

Ela enviou a mensagem e observou. Viu o celular dele acender na mesa. Viu-o pegar, ler a mensagem com um sorriso no rosto e digitar uma resposta rápida. O celular dela vibrou.

"Em uma reunião chata. Queria estar com você. Te amo."

A hipocrisia era de tirar o fôlego. Laura desligou o celular, o rosto sem expressão. A dor ainda estava lá, um buraco negro em seu peito, mas agora estava coberta por uma camada de gelo. A arquiteta sonhadora estava morrendo, e em seu lugar, algo novo e mais duro estava nascendo. Ela deu partida no carro e se afastou, deixando para trás a cena de sua vida desmoronando.

            
            

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