Infertilidade e Traição: O Divórcio
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Capítulo 4

Pedro olhou para o celular tocando e soltou uma gargalhada.

"Ah, não acredito! O seu amigo imaginário está ligando de novo? Que timing perfeito para a piada final."

Ele estendeu a mão para pegar o celular, provavelmente para desligá-lo e completar a humilhação de Ana Lúcia.

"Não toque nisso," a voz dela saiu baixa, mas com uma nova e inesperada ponta de aço.

Ela pegou o celular antes dele e atendeu, colocando no viva-voz mais uma vez, um último ato de desafio em meio à ruína.

"Alô?", ela disse, a voz ainda embargada pelas lágrimas.

"Ana Lúcia? Sou eu, Lucas Montenegro. Peço desculpas por não ter atendido antes, eu estava em uma reunião de bordo e o sinal era inexistente. Acabei de pousar. Recebi suas duas chamadas perdidas. Está tudo bem? Você não costuma ligar assim."

A voz do outro lado da linha era calma, firme e inconfundivelmente poderosa. O sorriso debochado de Pedro vacilou. Os outros acionistas se entreolharam, a arrogância dando lugar a uma súbita incerteza.

"Sr. Montenegro...", Ana Lúcia começou, mas as palavras não saíam.

Pedro, percebendo que estava perdendo o controle da situação, interveio.

"Sr. Montenegro, aqui é Pedro Vargas. Acho que houve um mal-entendido. Ana Lúcia não trabalha mais conosco. Estamos passando por uma reestruturação."

Houve uma pausa do outro lado da linha. Quando Lucas Montenegro falou novamente, sua voz tinha um tom gelado.

"Sr. Vargas, eu sei exatamente quem você é. E o único mal-entendido aqui parece ser o seu. A Global Invest não tem um acordo com a PetroVargas. Nós temos um acordo com Ana Lúcia. Nosso investimento de quinhentos milhões de dólares está condicionado à liderança dela no projeto. Se ela sai, nosso dinheiro sai com ela. E, a propósito, nosso contrato prevê uma multa por quebra de confiança que, convenientemente, é o valor exato que meus analistas estimam que vocês precisam para não declararem falência no próximo trimestre."

O silêncio na sala era agora um silêncio de choque absoluto. A cor sumiu do rosto do pai de Pedro.

"Falência? Isso é ridículo!", o acionista corpulento gaguejou.

"Ridículo?", a voz de Montenegro soou ainda mais fria. "Vocês acham que eu invisto meio bilhão de dólares sem fazer minha própria auditoria? Eu sei dos desvios. Eu sei dos relatórios fraudulentos. E eu sei que a única razão pela qual a PetroVargas ainda parece solvente é porque, nos últimos seis meses, Ana Lúcia abriu mão do próprio salário e de seus bônus para cobrir os rombos que você, Pedro, e seus amigos no conselho criaram. Ela sacrificou o próprio patrimônio para salvar a empresa que agora a está apunhalando pelas costas."

A revelação caiu como uma bomba. Ana Lúcia olhou para Pedro, cujo rosto agora exibia uma máscara de pânico. Ela mesma não sabia a extensão total do que ele havia feito, nem que suas contribuições "voluntárias" estavam tapando um buraco tão fundo.

"Isso... isso não pode ser verdade," a mãe de Pedro sussurrou, olhando para o filho com uma expressão de horror.

"É a mais pura verdade, senhora", continuou Montenegro. "E quanto à alegação de plágio do Dr. Almeida, meu escritório de advocacia já está preparando um processo por difamação contra ele e contra quem quer que o tenha subornado para fazer tal acusação. Temos provas de que a pesquisa de Ana Lúcia é anterior e muito mais avançada que a dele."

Cada palavra de Lucas Montenegro era um prego no caixão da narrativa que a família Vargas havia construído. A humilhação estava mudando de lado, como uma maré virando com força total.

Pedro e seu pai se olhavam, desesperados, procurando uma saída que não existia. Os outros acionistas começaram a se afastar deles, como ratos abandonando um navio que afunda.

Ana Lúcia respirou fundo, sentindo o poder voltar para seu corpo. Ela pegou os papéis do divórcio e, sem dizer uma palavra, os rasgou ao meio, deixando os pedaços caírem sobre os restos de seu projeto destruído.

"Eu não vou assinar nada," ela declarou, a voz clara e forte. "Eu não quero um centavo de vocês. Eu não quero seu nome sujo, sua empresa falida ou sua família disfuncional. Podem ficar com tudo."

Ela olhou para Pedro, para sua mãe, para seu pai, um por um.

"A partir de hoje, eu não tenho mais nenhuma relação com a PetroVargas ou com a família Vargas. Vocês estão por conta própria."

Ela encerrou a chamada com o Sr. Montenegro, guardou o celular na bolsa, virou as costas para a cena de destruição e caminhou em direção à porta, deixando para trás um rastro de ruínas e a promessa silenciosa de um novo começo.

                         

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