Abandonada e Forte: A Luta Pelo Meu Filho
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Capítulo 3

Passei os dias seguintes num nevoeiro, a minha rotina centrada na bomba de leite e nas curtas visitas para ver o meu filho através do vidro da incubadora.

O Pedro não ligou. Nem uma vez.

A minha mãe veio visitar-me. Ela trouxe-me canja de galinha caseira e um abraço que quase me desfez.

Ela olhou para o meu rosto pálido e para os meus olhos fundos.

"Ele não veio, pois não?"

Eu abanei a cabeça.

Ela suspirou, uma mistura de tristeza e raiva.

"Eu nunca gostei dele, sabes. Havia algo nos olhos dele. E na forma como a família dele te tratava, como se fosses uma empregada."

"Eu sei, mãe. Eu fui estúpida."

"Não," ela disse, segurando a minha mão. "Tu estavas apaixonada. Isso não é estupidez. Isso é humano. A culpa é dele, não tua."

As suas palavras foram um bálsamo.

No terceiro dia, recebi uma mensagem de texto do Pedro.

"Preciso que assines os papéis. Vou deixar com a enfermeira na receção."

Nem um "Olá". Nem um "Como estás?". Nem um "Como está o nosso filho?".

Apenas uma ordem fria e impessoal.

Senti o meu sangue a gelar.

Papéis? Que papéis?

Vesti o meu roupão e caminhei lentamente até à receção.

A enfermeira deu-me um envelope grande e pardo.

"O seu marido deixou isto para si."

Voltei para o meu quarto, o coração a bater descontroladamente.

Sentei-me na cama e abri o envelope.

Lá dentro, havia documentos legais.

Papéis de divórcio.

E um acordo de custódia.

Ele já tinha preparado tudo.

Li os termos. Ele não queria a custódia. Ele abdicava de todos os direitos parentais.

Em troca, eu não receberia qualquer tipo de pensão de alimentos, nem para mim, nem para o nosso filho.

Ele queria apagar-nos da sua vida. Completamente.

Como se nunca tivéssemos existido.

Havia uma nota escrita à mão, anexada com um clipe.

A caligrafia dele, que eu antes achava tão bonita, agora parecia a de um estranho.

"Sofia, é melhor assim. Eu não posso ser o pai que ele precisa. A Laura precisa de mim. A minha família precisa de mim. Assina os papéis e podemos seguir em frente. Não tornes isto mais difícil do que já é."

Não tornes isto mais difícil.

Ele abandonou-me no hospital depois de eu dar à luz o filho dele, mentiu sobre a irmã, ignorou as minhas chamadas e agora queria que eu não tornasse as coisas difíceis.

Uma raiva fria e clara tomou conta de mim.

Peguei numa caneta.

E assinei.

Assinei todos os papéis.

Assinei a minha liberdade.

Assinei o fim da minha vida antiga.

E assinei o começo da minha nova vida. Só eu e o meu filho.

                         

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