Amor Verdadeiro, Vingança Concluída
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Capítulo 1

Por oito anos, eu vivi para Arthur.

Oito anos. Uma vida inteira dedicada a um único homem.

Para ele, eu era uma sombra, uma ferramenta, uma arma. Eu me colocava na frente das balas por ele, tanto as literais quanto as figuradas. Em uma negociação perigosa no exterior, levei um golpe na cabeça que era para ele, e a cicatriz perto da minha sobrancelha era uma lembrança constante. Em outra ocasião, assumi a culpa por um vazamento de informações que quase arruinou sua reputação, passando seis meses sendo investigada e execrada publicamente, tudo para que ele pudesse sair limpo.

Meu corpo e minha alma carregavam as marcas dessa devoção.

Todo o nosso círculo social, todo o mundo dos negócios, sabia da minha paixão cega por Arthur.

"Helena é o cão de guarda de Arthur", eles diziam.

"Ela faria qualquer coisa por ele."

Os comentários eram uma mistura de pena e desprezo, mas eu não me importava. Eu acreditava que meu amor e sacrifício seriam recompensados. Eu acreditava que um dia, ele finalmente me veria.

E aquele dia, eu pensei, tinha finalmente chegado.

A cerimônia de união. Não era um casamento tradicional, mas uma união de almas, como ele havia descrito. Um evento grandioso, no salão mais luxuoso da cidade, com centenas de convidados importantes. Eu estava em um vestido branco deslumbrante, a maquiagem perfeita, o coração batendo descontrolado de felicidade.

Ele segurou minha mão no altar improvisado, seus olhos azuis me encarando com uma intensidade que eu nunca tinha visto.

"Helena", ele disse, sua voz ressoando pelo salão silencioso, "você esteve ao meu lado por oito anos. Hoje, finalmente, unimos nossos destinos."

Lágrimas de alegria escorreram pelo meu rosto. Era real. Tudo tinha valido a pena.

Mas então, quando o celebrante nos declarou unidos e todos aplaudiram, o sorriso de Arthur desapareceu. Ele se inclinou para perto do meu ouvido, seu hálito quente contra a minha pele, e sussurrou palavras que congelaram meu sangue.

"Agora, ninguém mais vai suspeitar de mim e da Lívia. Você fez um bom trabalho, Helena. É o disfarce perfeito."

O mundo ao meu redor desmoronou.

O som dos aplausos se transformou em um zumbido ensurdecedor. Olhei para a multidão e a vi. Lívia. Sua prima. Ela estava no canto, com um vestido azul claro, sorrindo para Arthur, um sorriso cúmplice, vitorioso.

Meu corpo inteiro tremia. Eu entendi tudo em um instante devastador.

A união. A cerimônia. A declaração pública. Tudo não passou de uma farsa elaborada para que ele pudesse manter seu caso secreto com a própria prima, bem debaixo do nariz de todos. Eu não era a noiva, era o escudo. A idiota útil.

A raiva e a humilhação me sufocaram. Eu queria gritar, rasgar o vestido, expor os dois na frente de todos.

Mas antes que eu pudesse reagir, o caos irrompeu.

Um dos enormes lustres de cristal que pendiam sobre a área dos convidados começou a ranger. Houve um estalo agudo, metálico, e então ele despencou. Gritos de pânico ecoaram pelo salão.

As pessoas corriam, se empurravam, tentavam fugir. O lustre caiu exatamente onde Lívia estava parada momentos antes. A poeira e os estilhaços de cristal voaram por toda parte.

Quando a poeira baixou, Lívia estava no chão, imóvel, em uma poça de sangue que se espalhava rapidamente pelo mármore branco.

Seus olhos estavam abertos, vazios.

Morta.

O silêncio que se seguiu foi pesado, quebrado apenas pelos soluços aterrorizados de alguns convidados. Eu estava paralisada, o choque da traição agora misturado ao horror da cena.

E então, Arthur soltou minha mão.

Ele correu até Lívia, ignorando todos os outros. Ele a pegou nos braços, o rosto contorcido em uma dor que eu nunca pensei que ele fosse capaz de sentir.

"Lívia! Não! Lívia, fale comigo!"

Ele olhou para cima, seus olhos encontrando os meus. A dor em seu rosto se transformou em um ódio puro e assassino.

"Foi você", ele rosnou, a voz baixa e letal.

Ele se levantou, caminhando lentamente em minha direção. "Você fez isso. Era para ser você, não era? Você sabotou o lustre porque estava com ciúmes!"

"O quê? Arthur, não! Eu nunca..."

Ele não me deixou terminar. Sua mão voou e me atingiu no rosto com uma força brutal. O impacto me jogou no chão, meu vestido branco se sujando com a poeira do desastre. Minha bochecha ardia, mas a dor no meu coração era mil vezes pior.

"Você a matou!", ele gritou, agora para todos ouvirem. "Ela sempre teve medo de você, do seu ciúmes! Você a matou!"

Ele pegou um pedaço de metal retorcido do lustre caído. Seus olhos estavam insanos.

"Se eu não posso tê-la, você também não viverá para se regozijar com isso!"

Ele avançou. O pânico finalmente me atingiu e eu tentei me arrastar para trás, mas era tarde demais. Ele me alcançou e me chutou nas costelas. Uma dor aguda me roubou o fôlego.

Ele me virou de costas, pressionando meu rosto contra o chão frio. Senti o metal frio e pontiagudo contra a minha nuca.

"Por ela", ele sussurrou, a voz quebrada pela dor. "Eu vou me juntar a ela no inferno, mas vou levar você comigo."

A dor foi indescritível. Uma explosão branca atrás dos meus olhos, seguida por uma escuridão que se espalhava. O mundo estava desaparecendo. O som do seu choro desesperado era a última coisa que eu ouvia. Ele estava chorando por ela, enquanto me matava.

Meu sangue começou a se misturar com o dela no chão de mármore.

Que piada. Oito anos de devoção para acabar assim.

Enquanto a vida se esvaía de mim, um único pensamento, claro e poderoso, se formou em minha mente. Uma promessa forjada no fogo da traição e da morte.

Se eu tiver outra chance... Se eu pudesse voltar... Arthur, eu juro por Deus, eu nunca mais amarei você. Eu farei você pagar. Eu farei vocês dois pagarem por tudo.

A escuridão me engoliu por completo.

E então, houve luz.

Eu pisquei, confusa. O ar cheirava a antisséptico e a flores baratas. Senti uma dor surda na parte de trás da minha cabeça, mas não a dor aguda e final que eu esperava. Eu estava deitada em uma cama que não era minha.

Virei a cabeça e vi um calendário na parede.

A data me fez parar de respirar.

Era um ano atrás. O dia da festa de aniversário da empresa, o dia em que o maior rival de Arthur, Gael, fez uma oferta hostil para comprar seu conglomerado. O dia em que eu, como sempre, lutei na linha de frente por Arthur, defendendo-o ferozmente.

Eu estava viva.

Eu tinha voltado.

A promessa que fiz em meu leito de morte ecoou em minha mente, não como um sussurro, mas como um trovão.

Eu farei você pagar.

A adrenalina pulsou em minhas veias. Não havia tempo a perder. Cada segundo era precioso. Eu sabia o que Arthur faria, eu sabia o que Lívia faria. Mas desta vez, eu não seria a peça no tabuleiro deles. Eu seria a jogadora.

Agarrei o celular que estava na mesa de cabeceira. Meus dedos tremiam, mas minha determinação era de aço. Procurei na lista de contatos um número que eu conhecia de cor, um número que, na minha vida passada, eu via apenas como o do inimigo.

Gael.

O telefone tocou uma vez. Duas vezes.

"Alô?", a voz dele era profunda, calma, exatamente como eu me lembrava.

"Gael, é a Helena."

Houve uma pausa do outro lado da linha. Eu podia imaginar sua surpresa. Eu nunca o ligava. Nós só nos falávamos em salas de reunião, trocando farpas e ameaças veladas.

"Helena. A que devo a honra?"

Eu respirei fundo, minha voz firme, sem um pingo da hesitação que me caracterizava no passado.

"Sua oferta para comprar o Grupo A&L. Ela ainda está de pé?"

Outra pausa, mais longa desta vez.

"Estou ouvindo."

"Eu quero que você faça uma nova proposta. Mas desta vez, não será uma aquisição hostil."

"O que você sugere?"

"Uma união", eu disse, a palavra deixando um gosto amargo na minha boca antes de se transformar em poder. "Uma união entre você e eu. Case-se comigo. Juntos, podemos ter tudo."

O silêncio na linha era total. Eu tinha acabado de jogar minha bomba. Na minha vida passada, eu teria morrido de vergonha só de pensar nisso. Agora, era um movimento calculado, frio. A melhor maneira de destruir Arthur era se aliar ao seu maior inimigo.

Finalmente, a voz de Gael soou, e havia um tom nela que eu não consegui decifrar. Não era choque, não era diversão. Era... interesse.

"Você tem certeza, Helena?"

"Absoluta", respondi sem hesitar. "Eu renuncio a Arthur. Eu quero me juntar a você. Eu tenho todas as informações, todas as fraquezas, tudo o que você precisa para desmantelar o império dele por dentro. Tudo o que peço em troca é sua proteção. E sua mão em casamento."

A resposta dele veio mais rápido do que eu esperava, decisiva e clara.

"Esteja no cartório do centro amanhã às nove da manhã. Eu estarei lá."

Ele desligou.

Eu olhei para o telefone na minha mão, meu coração batendo forte, mas desta vez, não era por amor ou medo.

Era pelo começo da minha vingança.

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