Amor Verdadeiro, Vingança Concluída
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Capítulo 2

Eu me levantei da cama do hospital, meu corpo inteiro protestando. A dor na parte de trás da minha cabeça era um lembrete físico e latejante do que tinha acontecido. Na minha vida passada, eu tinha desmaiado de exaustão depois de passar três dias seguidos trabalhando em uma contraproposta para a oferta hostil de Gael. Arthur nem mesmo veio me visitar. Ele apenas me mandou uma mensagem: "Descanse um pouco. Preciso de você de volta ao trabalho amanhã."

Desta vez, a dor parecia diferente. Era um eco do golpe final que ele me deu, a memória fantasma de uma morte violenta.

Respirei fundo, tentando acalmar o tremor nas minhas mãos. Olhei ao redor do quarto estéril. O cheiro, os sons abafados do corredor, tudo era exatamente como eu me lembrava. A realidade da minha segunda chance se assentou sobre mim, pesada e inebriante.

Eu não era mais a Helena que se contentava com migalhas de afeto. A mulher que morreu no chão de mármore frio levou toda a sua ingenuidade e amor cego com ela.

A mulher que renasceu só tinha um propósito.

Vesti as roupas que estavam dobradas em uma cadeira – um terninho cinza, prático e sem graça, o uniforme da "mão direita" de Arthur. Olhei meu reflexo no vidro escuro da janela. O rosto era o mesmo, mas os olhos eram diferentes. Havia uma frieza neles, uma determinação que não existia antes.

Eu saí do hospital sem falar com ninguém e peguei um táxi. O endereço que dei ao motorista não era o meu apartamento, nem o escritório. Era o Grand Hotel Imperial, onde a festa de aniversário da empresa estava acontecendo.

Eu precisava ver com meus próprios olhos. Precisava confirmar que não era apenas um pesadelo.

Quando entrei no salão de festas opulento, a música alta e as conversas animadas me atingiram como uma parede. Tudo estava exatamente como na minha memória. Centenas de pessoas, taças de champanhe, lustres brilhando.

E lá, no centro de tudo, estava ele.

Arthur.

Ele estava radiante em seu terno caro, rindo com um grupo de investidores. E ao seu lado, agarrada ao seu braço, estava Lívia.

Ela usava um vestido vermelho sangue que se destacava na multidão, o decote ousado atraindo todos os olhares. Ela estava sussurrando algo no ouvido dele, e ele se inclinou, o sorriso em seu rosto se tornando mais íntimo, mais genuíno do que qualquer sorriso que ele já me deu.

Naquele momento, a cena que eu vi no futuro – ele chorando desesperadamente sobre o corpo dela – se sobrepôs à imagem na minha frente. O amor dele por ela era real. Devastadoramente real. E ele também tinha renascido.

Eu soube disso no instante em que seus olhos encontraram os meus do outro lado do salão.

O sorriso dele vacilou. Uma sombra de confusão, de choque, passou por seu rosto. Ele se lembrava. Ele se lembrava de tudo. Da traição, do lustre, da morte dela. E da minha.

A música parou de repente. Arthur soltou o braço de Lívia e pegou um microfone do palco.

"Atenção a todos, por favor", ele disse, sua voz amplificada ecoando pelo silêncio repentino.

Todos os rostos se viraram para ele. Eu senti um frio na barriga. Eu sabia o que ele ia fazer. Ele ia repetir o padrão. Humilhar-me publicamente para solidificar seu status e sua escolha.

"Gostaria de aproveitar esta noite especial para fazer um anúncio ainda mais especial."

Ele se virou para Lívia, pegando a mão dela. O rosto dela se iluminou com uma expressão de surpresa ensaiada.

"Lívia, meu amor", ele disse, sua voz cheia de uma emoção teatral. Ele se ajoelhou.

Gritos de surpresa e cochichos se espalharam pela multidão.

"Você é a luz da minha vida. A única mulher que eu já amei. Na minha frente, e na frente de todos que importam, eu pergunto: você quer se casar comigo?"

Ele abriu uma pequena caixa de veludo, revelando um anel de diamante que brilhava furiosamente sob as luzes do salão.

Lívia levou as mãos à boca, lágrimas falsas brotando em seus olhos.

"Sim! Sim, Arthur, é claro que sim!"

Eles se beijaram apaixonadamente enquanto a multidão explodia em aplausos.

No meio da celebração, os olhos de Arthur encontraram os meus novamente. Havia um brilho de triunfo cruel neles. Ele estava me mostrando, sem sombra de dúvida, quem ele escolhia. Ele estava me punindo pela morte dela na vida passada, mesmo que eu fosse inocente.

As pessoas ao meu redor começaram a notar minha presença.

"Olha, é a Helena."

"Coitada. Depois de tudo que ela fez por ele..."

"Ela parece um fantasma. Que humilhação."

Os sussurros eram como facas, mas desta vez, eles não me atingiram. Eles eram apenas ruído de fundo.

Lívia, com o anel brilhando em seu dedo, caminhou em minha direção, com Arthur ao seu lado. Ela tinha um sorriso doce e preocupado no rosto, a personificação da falsa inocência.

"Helena, querida, você está bem? Você parece tão pálida", ela disse, sua voz pingando uma preocupação artificial. "Eu sinto muito. Eu e Arthur, nós não queríamos... aconteceu tão de repente."

Eu olhei para ela, a mulher por quem eu fui morta. A mulher que sorriu enquanto minha vida era destruída.

Arthur colocou um braço protetor ao redor de Lívia, me olhando com um desprezo gelado.

"Não perca seu tempo com ela, meu amor", ele disse para Lívia, mas suas palavras eram para mim. "Helena sabe o lugar dela. Ela sempre soube. Ela é boa em ser a sombra, a trabalhadora. Algumas pessoas simplesmente não nasceram para o amor ou para o casamento."

A crueldade em sua voz era palpável. Ele queria me quebrar. Queria me ver chorar, implorar, desmoronar como eu teria feito na minha vida anterior.

Ele continuou, sua voz baixa o suficiente para que apenas nós três pudéssemos ouvir.

"Você deveria estar feliz por mim, Helena. Por nós. Afinal, foi para isso que você sempre trabalhou, não é? Para a minha felicidade. Agora você pode continuar fazendo o que faz de melhor: trabalhar nos bastidores, enquanto eu vivo minha vida com a mulher que eu amo."

Ele esperava minha reação. Esperava as lágrimas, a dor.

Mas a Helena que ele conhecia estava morta.

Eu dei um passo à frente, meu olhar fixo no dele. O salão ficou em silêncio novamente, todos esperando o drama se desenrolar.

Eu forcei um pequeno sorriso, frio e vazio.

"Parabéns, Arthur. Lívia", eu disse, minha voz calma e clara, cortando a tensão no ar. "Desejo a vocês toda a felicidade que merecem."

Eu me virei para Arthur.

"E quanto ao meu lugar", continuei, "você está certo. Eu sei exatamente qual é. E não é mais ao seu lado."

"A partir deste momento, considere nosso contrato, tanto profissional quanto pessoal, encerrado. Eu me demito."

"E, Arthur", acrescentei, inclinando-me um pouco para a frente, como ele fez comigo na nossa cerimônia de união. "Só para deixar claro, eu nunca mais quero ver seu rosto novamente. Para mim, você não existe mais."

Com isso, virei-me e comecei a caminhar em direção à saída, sem olhar para trás.

Eu podia sentir o choque dele. A confusão. Esta não era a reação que ele esperava.

Esta não era a Helena que ele conhecia.

E ele estava absolutamente certo.

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