A Playboy e a Vingadora
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Capítulo 4

A luz branca do quarto do hospital era ofuscante. O médico disse que eu tive uma concussão leve e precisava ficar em observação. Minha cabeça latejava, mas a dor física não era nada comparada à clareza que o incidente me proporcionou.

Marcos não saiu do meu lado um minuto sequer. Ele ficou sentado em uma poltrona desconfortável ao lado da minha cama, segurando minha mão, às vezes em silêncio, às vezes me contando histórias bobas sobre sua infância para me distrair. Ele não me pressionou com perguntas sobre Pedro ou Sofia. Ele apenas estava ali. Sua presença constante era uma âncora em meio à tempestade das minhas memórias e da minha nova realidade.

No final da tarde, enquanto eu cochilava, ouvi vozes do lado de fora do quarto. Era meu pai e Dona Clara, a mãe de Marcos.

"Eu não acredito na audácia daquela garota, Sofia!", dizia Dona Clara, a voz indignada. "E o Pedro? Deixar a Ana no chão para cuidar da outra? Que tipo de homem é esse?"

"Eu nunca confiei naquele rapaz", respondeu meu pai, a voz grave e cansada. "Sempre senti que a ambição dele vinha antes de qualquer outra coisa, inclusive da minha filha. Eu me arrependo de não ter intervindo antes."

"O importante é que agora ela percebeu", disse Dona Clara. "E ela tem o meu Marcos. Ele a ama de verdade, General. Desde que eram crianças."

Ouvir aquilo aqueceu meu coração. O apoio deles era incondicional.

Quando acordei completamente, Marcos estava me observando com um sorriso terno.

"A bela adormecida finalmente acordou. Como está a cabeça?"

"Melhor", respondi, minha voz um pouco rouca. "Obrigada por ficar, Marcos."

"Eu nunca te deixaria sozinha", ele disse, sua sinceridade me desarmando. "Ana, eu sei que tudo isso é repentino... nosso noivado, o Pedro... mas eu quero que você saiba que é real para mim. Eu sempre quis isso."

As palavras dele eram o oposto direto da confirmação do caráter de Pedro. Pedro, que me deixou no chão para consolar minha agressora. Pedro, cuja mãe só se importava com a carreira dele. Pedro, que mesmo renascido, continuava a ser um poço de egoísmo e manipulação. A escolha nunca foi tão clara.

"É real para mim também, Marcos", eu disse, apertando sua mão. "Mais real do que qualquer coisa que eu já tive."

Naquele momento, a porta do quarto se abriu abruptamente. Dona Fátima entrou como um furacão, o rosto vermelho de indignação.

"Ana Lúcia! O que é isso? Fiquei sabendo do... incidente. E de que você está noiva desse aí!", ela disse, olhando para Marcos com desprezo.

"Dona Fátima, por favor, abaixe a voz. Estamos em um hospital", eu disse, sentando-me na cama.

"Abaixar a voz? Você arruína a vida do meu filho, o humilha publicamente, e quer que eu abaixe a voz? Você sabe o que as pessoas estão dizendo? Que você o trocou por um... um delinquente!"

Marcos se levantou, o corpo tenso. "Senhora, acho melhor a senhora se retirar."

"Eu não vou a lugar nenhum! Eu vim aqui para falar com a minha nora!" ela insistiu, a voz estridente.

"Eu não sou sua nora", eu disse, e as palavras saíram mais fortes do que eu esperava. "Eu não sou e nunca mais serei. Eu vou me casar com o Marcos."

"Isso é um absurdo! Uma loucura! O casamento de vocês já estava sendo planejado! As famílias já estavam envolvidas!", ela esbravejou.

"Que bom que a senhora tocou nesse assunto", a voz do meu pai soou da porta. Ele e Dona Clara entraram no quarto, suas expressões sérias. "Porque eu gostaria de anunciar oficialmente o noivado da minha filha, Ana Lúcia, com o Marcos Vinícius."

Dona Fátima ficou boquiaberta, olhando do meu pai para mim, e depois para Marcos e Dona Clara, que estava ao lado do meu pai com um sorriso satisfeito.

Meu pai caminhou até a minha cama e se virou para a mãe de Pedro.

"Fátima, meu único desejo é a felicidade da minha filha. E está claro para mim que a felicidade dela não está ao lado do seu filho. O relacionamento deles acabou. E qualquer tentativa da sua parte ou da parte de Pedro de interferir nisso terá consequências."

A autoridade na voz do meu pai, um General respeitado, era inquestionável. Dona Fátima, acostumada a intimidar e manipular, parecia pequena e impotente.

"Mas... e a reputação? O que vão pensar?", ela gaguejou, sua última tentativa de apelar para as aparências.

"Francamente, Fátima", meu pai disse com uma frieza cortante. "Eu não me importo."

A derrota no rosto de Dona Fátima foi absoluta. Ela nos lançou um último olhar cheio de veneno e saiu do quarto batendo a porta.

O silêncio que se seguiu foi quebrado pela risada suave de Dona Clara.

"Isso foi magnífico, General!"

Meu pai sorriu e olhou para mim.

"Você está bem, filha?"

Eu assenti, as lágrimas enchendo meus olhos. Mas desta vez, eram de gratidão.

"Estou ótima, pai."

Marcos se aproximou e sentou-se na beirada da minha cama. Ele pegou minha mão novamente, e na frente dos nossos pais, ele a beijou.

"A partir de agora, ninguém vai te machucar de novo. Eu prometo."

A declaração pública do meu pai, a derrota de Dona Fátima, a promessa de Marcos... tudo isso era um novo começo. O passado estava sendo enterrado, e um novo futuro, um futuro que eu escolhi, estava finalmente começando.

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