O Retorno da Verdadeira Herdeira
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Capítulo 2

Na manhã seguinte, desci as escadas e encontrei Sofia bloqueando o caminho de propósito.

Ela estava parada no meio da escadaria, admirando as próprias unhas com um ar de superioridade.

"Com licença", eu disse, minha voz neutra.

Ela levantou a cabeça lentamente, um sorriso de escárnio no rosto.

"Ah, é a nossa futura 'gênia musical'. Dormiu bem depois do seu showzinho patético de ontem à noite?"

Eu não respondi, apenas esperei que ela saísse do caminho.

"Sabe, Maria, eu realmente não entendo", ela continuou, descendo um degrau para ficar cara a cara comigo. "Por que você simplesmente não aceita o seu lugar? Você deveria ser grata por papai e mamãe terem te acolhido. Você deveria estar nos servindo, não tentando competir."

Ela deu um passo para o lado, mas quando eu tentei passar, ela esticou o pé, tentando me fazer tropeçar.

Eu previ o movimento e parei a tempo, olhando para o pé dela e depois para o rosto dela, sem expressão.

"Cuidado para não cair da escada, Sofia. Seria uma pena estragar esse vestido."

Só então eu realmente olhei para o que ela estava vestindo. Era um vestido branco, elegante, com um design único no ombro. Era um vestido que eu conhecia muito bem.

"Gostou?", ela perguntou, girando para exibir o vestido. "É uma peça exclusiva, feita sob medida. Mamãe disse que combina perfeitamente com a minha aura de artista."

A raiva, uma brasa familiar da minha vida passada, ameaçou acender dentro de mim, mas eu a sufoquei.

"Tudo nesta casa é meu, Maria. As roupas, as joias, o quarto principal, o piano de cauda na sala de música. E o mais importante", ela sorriu, "o talento. Tudo o que você acha que tem, na verdade, pertence a mim."

Laura Silva desceu as escadas naquele momento, seu rosto se iluminando ao ver Sofia.

"Sofia, meu amor! Você está absolutamente deslumbrante! Eu sabia que este vestido era perfeito para você. Ele realça sua elegância natural."

Ela me lançou um olhar de desaprovação, percorrendo minhas roupas simples, um jeans e uma camiseta.

"E você, Maria. Não poderia ao menos tentar se vestir de forma mais apropriada? Você envergonha o nome da família Silva."

Eu permaneci em silêncio, deixando as palavras delas pairarem no ar.

Sofia aproveitou a deixa, apontando para minhas roupas com um dedo acusador.

"Mamãe, olhe para ela. Quem sabe de onde vêm essas roupas baratas. Talvez ela as tenha conseguido de algum jeito duvidoso. Ela passou a noite fora depois da festa, sabe? Quem sabe o que ela andou fazendo."

Era uma acusação venenosa, projetada para me pintar como uma garota promíscua e indigna.

Ricardo Silva, meu pai, saiu de seu escritório, atraído pelas vozes. Seu rosto estava fechado, a carranca de ontem ainda presente.

"O que está acontecendo aqui?", ele perguntou, sua voz um trovão.

"Papai!", Sofia correu até ele, com lágrimas nos olhos. "Maria está me tratando mal de novo. E ela está insinuando coisas horríveis sobre mim e meu vestido."

Ricardo nem sequer olhou para mim. Sua raiva se concentrou inteiramente em sua filha recém-descoberta.

"Maria! Já não basta a humilhação que você nos fez passar ontem à noite? Agora está importunando sua irmã? Peça desculpas imediatamente!"

Eu olhei para o rosto zangado do homem que compartilhava meu sangue, para a mulher que me deu à luz e agora me olhava com nojo, e para a garota que roubou minha vida e agora usava um vestido que não lhe pertencia.

Eles não sabiam. Eles não faziam ideia.

O vestido que Sofia estava usando não era uma peça qualquer de alta costura. Foi desenhado e costurado à mão pela minha mãe de criação, Helena Santos, uma das mais renomadas e reclusas estilistas do mundo, conhecida no meio apenas como "H".

Ela o fez para mim, como um presente para celebrar minha volta para minha "verdadeira" família. Minha mãe de criação, a mulher que me amou e me apoiou incondicionalmente por dezoito anos, colocou todo o seu amor e esperança naquela peça.

Sofia o roubou do meu armário. E agora, ela o usava como um troféu, enquanto a família que deveria me proteger me acusava e me humilhava.

Eu mantive meu rosto inexpressivo, uma máscara de calma.

"Eu não tenho nada pelo que me desculpar", eu disse simplesmente.

A raiva de Ricardo explodiu.

"Insolente! Você vive sob o meu teto, come da minha comida, e ainda ousa me desafiar?"

"Não se preocupe", eu disse, minha voz fria como gelo. "Não vou viver sob seu teto por muito mais tempo."

Dei as costas para eles e saí pela porta da frente, sem olhar para trás.

Atrás de mim, eu podia ouvir a voz triunfante de Sofia.

"Viu, papai? Ela é impossível! Ela não tem nenhum respeito por esta família!"

Deixei que eles acreditassem em suas próprias mentiras. O dia do acerto de contas estava chegando, e seria muito mais satisfatório quando eles estivessem no auge de sua arrogância. O vestido era apenas o começo. Cada item que Sofia roubou de mim seria uma peça na sua própria ruína.

            
            

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