A reação à minha última declaração foi imediata e hostil.
"Absurdo! Essa garota perdeu completamente a noção!", gritou o pai de uma colega de Sofia.
Laura Silva cobriu o rosto com as mãos, como se estivesse prestes a desmaiar de vergonha.
"Ricardo, faça alguma coisa! Ela está arruinando nossa família!"
João, o noivo de Sofia, que até então observava a cena com um ar de superioridade entediada, deu um passo à frente. Seu olhar para mim era gelado, cheio de desprezo.
"Maria", ele disse, sua voz cortante. "Eu não sei que tipo de jogo você está jogando, mas já foi longe demais. Você não é páreo para a Sofia, nem em talento, nem em caráter. Pare de tentar chamar a atenção e aceite seu lugar. Ninguém da minha família jamais se associaria com alguém como você."
A ameaça era clara. Ele estava me avisando para não ter nenhuma ideia sobre ele ou sobre o status que seu nome poderia me trazer.
Eu ri. Uma risada genuína e divertida que fez com que ele franzisse a testa, confuso.
"Você?", eu disse, olhando-o de cima a baixo com um desdém que eu não me esforcei para esconder. "Você acha que eu estou fazendo tudo isso por você? Por favor, não se superestime. Você e sua família não valem o meu tempo."
A arrogância dele se transformou em fúria. Ninguém jamais havia falado com ele assim.
Mas antes que ele pudesse responder, meu pai, Ricardo Silva, explodiu.
"JÁ CHEGA!"
Ele marchou até mim, seu rosto vermelho de raiva. Sem qualquer aviso, sua mão se ergueu e me atingiu no rosto com força.
O tapa estalou no ar, silenciando a multidão instantaneamente. Meu rosto ardeu, mas eu não desviei o olhar do dele.
"Você é uma desgraça!", ele rosnou, a voz tremendo de fúria. "Uma vergonha para o nosso sangue! A partir deste momento, você não é mais minha filha! Eu, Ricardo Silva, publicamente desonro você! Saia da minha frente e nunca mais ouse dizer que pertence a esta família!"
Ele estava me deserdando. Ali, na frente de todos, na frente das câmeras.
A multidão ofegou. Sofia sorriu, um brilho de triunfo cruel em seus olhos.
Ricardo agarrou meu braço com força, tentando me arrastar para longe, mas eu me mantive firme. Na confusão, meu celular caiu da minha bolsa, a tela se estilhaçando no chão.
Mesmo com a tela quebrada, ela se iluminou. E por um instante, eu vi as notificações que inundavam a tela.
`Mãe (Helena): Querida, estou a caminho. Lucas está comigo. Não se preocupe.`
`Irmão (Lucas): Maria, estou chegando. Ninguém vai te machucar. Apenas espere.`
Eram mensagens da minha família de criação, a família Santos. Minha verdadeira família. Uma onda de calor percorreu meu peito. Eu não estava sozinha.
O celular apagou, mas a esperança que aquelas mensagens me deram era uma armadura.
A família de João, seus pais que também estavam presentes, se aproximaram para apoiar os Silva. A mãe de João, uma mulher tão arrogante quanto o filho, olhou para mim com nojo.
"Ricardo, você fez a coisa certa. Uma maçã podre como essa só traria problemas. Sofia é a única nora que aceitaremos."
Eles formaram um círculo unido de riqueza e poder, me isolando do lado de fora. Humilhada, deserdada, agredida.
Para eles, a batalha estava vencida. Eu era a perdedora.
Eu ajustei minhas roupas, levantei a cabeça e olhei para o grande telão, que finalmente começou a exibir os nomes e as notas.
"Ainda não acabou", eu sussurrei para mim mesma, um sorriso frio se formando em meus lábios. "A festa está apenas começando."