"Exatamente", concordou Ricardo, com o peito estufado de orgulho. "Minha filha é um gênio. Ela vai honrar o nome da família Silva."
Eles me ignoraram completamente, como se eu fosse invisível. Eu estava parada a alguns metros de distância, sozinha.
De repente, Sofia se virou para mim, sua voz soando alta e clara, atraindo a atenção de todos.
"Maria, eu ainda não consigo acreditar que você teve a coragem de vir. Depois de mentir para todos sobre entrar na academia."
Ela balançou a cabeça, um olhar de falsa piedade em seu rosto.
"Eu sei por que você fez aquilo. Foi por inveja. Você sempre teve inveja de mim. Mas mentir sobre suas notas? Você não percebe o quão ridículo isso soa?"
Sua voz era como um gatilho. Imediatamente, outros pais e alunos começaram a sussurrar e a apontar para mim.
"É ela? A filha que foi encontrada recentemente?"
"Ouvi dizer que ela é uma péssima aluna. Como ela ousa dizer que entraria na Academia Imperial?"
"Que vergonha para a família Silva. Ter uma filha assim."
Um dos pais, amigo de Ricardo, se aproximou e falou em voz alta.
"Ricardo, você tem que controlar sua filha. Espalhar boatos sobre notas falsas pode prejudicar a reputação da escola!"
A humilhação era palpável, uma onda de desprezo vindo de todas as direções. Na minha vida passada, neste exato momento, eu teria encolhido, chorado, fugido. Eu teria sentido cada palavra como uma facada.
Mas agora, eu apenas sentia uma ironia amarga.
Eu me lembrava das noites em claro, estudando até meus olhos arderem. Lembro-me de como eu secretamente ajudei Sofia com seus deveres, como eu escrevi redações inteiras para ela, como eu resolvi problemas de matemática que ela não conseguia entender. Tudo para que ela mantivesse a fachada de aluna perfeita, tudo em nome do "bem da família".
E agora, essa mesma garota, que mal conseguia passar em uma prova sem a minha ajuda, estava me acusando publicamente de ter notas ruins. O absurdo da situação era quase cômico.
Os repórteres, sentindo o cheiro de um escândalo familiar, se aglomeraram ao meu redor. Microfones foram empurrados na minha cara.
"Senhorita Maria, é verdade que você mentiu sobre sua capacidade de entrar na Academia Imperial?"
"Você tem algum comentário sobre as acusações de sua irmã de que você é uma aluna medíocre?"
"Por que você faria uma declaração tão ousada sabendo que seus resultados seriam expostos hoje?"
Eu olhei para as câmeras, para os rostos curiosos e julgadores. Eu vi Sofia sorrindo vitoriosamente, Ricardo e Laura parecendo envergonhados e zangados.
Eu respirei fundo e um sorriso confiante se espalhou pelo meu rosto.
"Mentir?", repeti, minha voz soando divertida. "Eu não menti."
Eu olhei diretamente para Sofia.
"Eu não só vou entrar na Academia de Música Imperial, como já fui aceita. Meu nome estará na lista de admissão especial. E quanto a você, irmãzinha..."
Meu sorriso se alargou.
"Sugiro que você reze para que sua própria nota não seja um zero bem grande."
Minha declaração chocou a todos novamente. Sofia ficou pálida, uma expressão de descrença e raiva em seu rosto.
"Você está delirando! Completamente louca! Como você ousa me caluniar assim? Meu resultado será o melhor da escola!"
"Veremos", eu disse, cruzando os braços e esperando o telão acender.
A multidão estava em polvorosa. Ninguém sabia em quem acreditar. Mas eu sabia a verdade. Eu tinha armado o palco perfeitamente. O sistema de troca de talentos funcionava com base no que eu produzia. E no dia do exame de música, o mais importante para a admissão, eu fiz algo muito simples.
Eu entreguei minha prova em branco.