Capítulo 3

A memória da traição final de Pedro inundou a mente de Sofia, não como um sonho, mas como uma lembrança vívida e dolorosa. Ela se lembrou dele no escritório, depois de sua demissão, rindo com Camila. "Ela é talentosa, mas tão ingênua", ele dissera. "Acha mesmo que o amor importa mais que o poder? Agora o projeto é seu, meu amor. E a empresa, um dia, será nossa".

Aquelas palavras, que a haviam destruído em sua vida passada, agora eram o combustível para sua fúria. A mão de Pedro em seu ombro parecia queimar.

Com um movimento rápido e preciso, Sofia levantou a mão e deu um tapa no rosto de Pedro. O som estalado ecoou pelo salão silencioso, fazendo todos ofegarem.

"Tire suas mãos de mim", ela disse, a voz baixa e perigosa.

Pedro ficou chocado, a mão em sua bochecha vermelha. Ele nunca esperou que ela revidasse.

"Você...", ele começou, sem palavras.

"Você acha que pode me ameaçar?", continuou Sofia, o desprezo em sua voz era palpável. "Você, que só está nesta empresa por causa do seu pai? Você, que vive à sombra do sobrenome da minha família? Você não é nada, Pedro. Um parasita ambicioso. E seu tempo de se alimentar de mim acabou".

Ela se virou novamente para a multidão, sua postura ereta e cheia de autoridade.

"O que vocês estão testemunhando não é um drama familiar. É um crime corporativo. Conforme o regulamento interno da Almeida Arquitetura, cláusula 7, parágrafo 3, a divulgação não autorizada de propriedade intelectual confidencial é motivo para demissão imediata e processo legal por danos".

Ela recitou a regra de cor, sua voz firme e clara. Ela mesma havia ajudado a redigir aquele regulamento.

"Camila, como funcionária do departamento de marketing, assinou um acordo de confidencialidade. Usar este colar em público é uma violação flagrante desse acordo. E você, Pedro, como meu noivo e colega, ao facilitar este crime, é cúmplice".

O pânico no rosto de Camila era agora inegável. A menção de leis e demissão era muito mais assustadora do que uma briga por ciúmes. Pedro também percebeu que havia perdido completamente o controle da situação.

"Isso é um absurdo!", ele tentou argumentar, mas sua voz soava fraca. "É um mal-entendido!"

"Não há mal-entendido", cortou Sofia. "Seguranças!"

Dois seguranças uniformizados, que estavam parados perto da entrada, se aproximaram hesitantes, sem saber de quem receber ordens.

"Esta mulher", disse Sofia, apontando para Camila, "está em posse de propriedade roubada da empresa. Eu exijo que ela devolva o item e seja escoltada para fora desta propriedade imediatamente".

Os convidados olhavam uns para os outros, chocados com a reviravolta. Ninguém ousava intervir. A acusação era séria demais, e Sofia falava com a autoridade de alguém que conhecia seus direitos. defender Camila e Pedro agora significava se opor à herdeira da família fundadora e se envolver em um escândalo corporativo. O silêncio era uma escolha de autopreservação.

Camila começou a soluçar de verdade desta vez, lágrimas de medo escorrendo por seu rosto.

"Não, por favor, Sofia! Não faça isso!"

Os seguranças olharam para Pedro, esperando uma contra-ordem. Mas Pedro estava pálido, incapaz de formular uma resposta coerente.

Sofia assentiu para os seguranças. "Façam o que eu mandei".

Um dos seguranças deu um passo à frente, estendendo a mão para Camila. "Senhora, por favor, nos entregue o colar".

Camila se encolheu, agarrando-se ao pingente como se sua vida dependesse daquilo.

Justo quando o segurança estava prestes a tocar em Camila, uma voz poderosa e irritada ribombou pela entrada do salão.

"O que diabos está acontecendo aqui?!"

Todos se viraram. Parado na porta estava o Sr. Alberto Almeida, pai de Pedro, tio de Camila e o atual CEO da empresa. Sua expressão era de pura fúria. Ele não viu a traição ou o roubo, ele viu apenas sua protegida sendo encurralada. E seu olhar estava fixo em Sofia.