Capítulo 4

O Sr. Almeida marchou pelo salão como uma tempestade, seus olhos fuzilando Sofia. Ele não parou para perguntar, não parou para entender. Ele viu Camila chorando, Pedro em pânico e Sofia de pé, desafiadora. Para ele, a culpada era óbvia.

Sem uma palavra de aviso, ele ergueu a mão e desferiu um tapa forte no rosto de Sofia.

O golpe foi tão inesperado e violento que a cabeça de Sofia virou para o lado, e ela cambaleou para trás, o zumbido em seu ouvido abafando o som chocado da multidão. A dor aguda em sua bochecha era real, física, uma humilhação que ela nunca havia experimentado.

"Sua garota mimada e insolente!", rosnou o Sr. Almeida, o rosto vermelho de raiva. "Como você se atreve a causar uma cena como essa? Como se atreve a atacar sua própria prima e seu noivo na festa de noivado de vocês?"

Ele se virou para Camila, sua voz suavizando instantaneamente. "Está tudo bem, minha querida. O tio está aqui. Ninguém vai te machucar". Ele a envolveu em um abraço protetor, lançando um olhar assassino para Sofia por cima do ombro dela.

A injustiça da situação era tão avassaladora que por um momento Sofia não conseguiu respirar. Ser punida pelo homem cujo filho a traiu, para proteger a mulher que era sua cúmplice. A dor na bochecha não era nada comparada à dor que rasgava seu peito.

Lágrimas de raiva e humilhação queimaram seus olhos.

"Atacá-los?", ela gritou, a voz embargada pela emoção. "Você é cego? Não vê o que eles estão fazendo? Olhe para o pescoço dela! Aquele colar é o meu projeto! Eles me roubaram! Eles estão juntos, me traindo bem debaixo do seu nariz, e você me ataca?"

Sua explosão emocional só pareceu confirmar a acusação de histeria do Sr. Almeida.

"Já chega de suas fantasias ciumentas!", ele berrou. "Você sempre teve inveja do talento de Camila. E não suporta ver Pedro defendendo a família dele. Você é uma vergonha para o nome desta família!"

O mundo de Sofia desabou pela segunda vez. Em sua vida passada, a humilhação foi a portas fechadas. Agora, era um espetáculo público, orquestrado pelo homem que deveria ser seu futuro sogro.

O Sr. Almeida estava furioso. A festa, que ele via como um evento de networking crucial, estava em ruínas. Sua reputação como líder estava sendo manchada por um escândalo familiar.

"Acabou!", ele declarou em voz alta para todos ouvirem. "Esta festa está cancelada! Seguranças, tirem todos daqui!"

Ele apontou para a decoração luxuosa, para as mesas de buffet, para a banda que havia silenciado. "E limpem essa bagunça. Eu não quero ver mais nada que me lembre desta noite desastrosa".

O caos se instalou quando os seguranças começaram a guiar os convidados, confusos e chocados, para a saída. A festa dos sonhos de Sofia estava sendo literalmente desmontada ao seu redor por ordem do pai de seu noivo traidor.

O Sr. Almeida então se virou para Sofia, seu olhar frio e implacável.

"Quanto a você, está de castigo. Vá para o seu quarto e não saia até que eu diga. E amanhã de manhã, a primeira coisa que você fará é pedir desculpas de joelhos a Camila e a Pedro. Talvez então eu considere perdoar essa sua atitude deplorável".

Ele a estava tratando como uma criança desobediente, aprisionando-a, exigindo sua submissão. A pressão era imensa, a humilhação, completa. Ela estava sozinha, cercada por inimigos, com seu nome e sua honra sendo arrastados na lama. Por um momento, o desespero ameaçou engoli-la novamente.

Mas enquanto ela olhava para os rostos triunfantes de Pedro e Camila, escondidos atrás da figura protetora do Sr. Almeida, uma nova chama se acendeu em meio às cinzas de sua humilhação. Eles achavam que tinham vencido. Eles estavam errados.