/0/15939/coverbig.jpg?v=03ff49ea5286f7eff3187d5803d904b1)
Maya saiu do restaurante, vestindo seu casaco.
Os amigos de Liam, especialmente Marc, tentavam persuadi-lo a ficar para "só mais um drinque".
"Vamos, Liam, relaxa. Maya não vai se importar", Marc insistiu.
Maya parou na porta. "Não, sério, Liam. Fique. Divirta-se."
Ela lhe deu um sorriso pequeno e tenso e saiu.
Ela precisava de ar. Precisava se afastar da hipocrisia sufocante.
Ela estava na metade do caminho para casa no táxi quando percebeu.
Sua pequena bolsa de noite estava no assento ao lado dela.
Mas o telefone de Liam estava no bolso do casaco dela.
Ele deve tê-lo colocado lá mais cedo, quando estava a "ajudando" com o casaco, provavelmente para escondê-lo de uma ligação ou mensagem que não queria que ela visse.
E então se esqueceu dele.
Um pequeno e estúpido erro da parte dele. Uma enorme oportunidade para ela.
Ela mandou o táxi dar a volta.
Ela tinha que devolvê-lo, é claro. Mas primeiro...
Não. Ela não iria bisbilhotar. Ela já sabia o suficiente.
Ela apenas o devolveria.
Mas ao reentrar na sala privada do restaurante, ela parou abruptamente.
Ava Sinclair estava lá.
Descarada, rindo, segurando uma bebida.
Ela estava sentada bem ao lado de Liam. O braço dele estava casualmente apoiado nas costas da cadeira dela.
Liam estava sorrindo, relaxado, um homem diferente daquele que estivera atuando para Maya a noite toda.
Marc e os outros não pareciam nada surpresos. Eles conversavam com Ava como se ela fosse parte regular do grupo deles.
Então, Maya viu.
Liam se inclinou e beijou Ava.
Um beijo rápido e possessivo. Abertamente. Na frente de todos.
Seus amigos apenas sorriram com desdém.
Maya sentiu o chão se abrir sob seus pés.
Eles estavam jogando algum jogo de bebida estúpido.
"Verdade ou desafio, Liam?", uma das mulheres arrastou as palavras.
"Verdade", disse Liam, sorrindo.
"Já traiu a Maya?"
Ava deu uma risadinha. Marc bufou.
Liam tomou um longo gole de seu uísque. "Defina trair."
Risadas por toda parte.
"Vamos, Goldstein, não seja tímido", disse Marc. "Um esqueminha por fora não conta se o prato principal está feliz, certo?"
"Algo assim", disse Liam, piscando para Ava.
Ele olhou em direção à porta, um breve, quase imperceptível, lampejo de preocupação. "Apenas certifique-se de que o prato principal nunca descubra. Mantenha-a feliz, mantenha-a no escuro. Essa é a chave."
Ava acariciou o braço dele. "Ela nunca vai descobrir, querido. Você é esperto demais."
A crueldade casual daquilo, o desrespeito absoluto, a cumplicidade de seus amigos – estava tudo ali.
Exposto.
Maya recuou lentamente, sem ser vista.
O telefone de Liam parecia pesado em seu bolso.
Ela cambaleou para fora do restaurante, para o ar fresco da noite.
Sua compostura cuidadosamente construída se estilhaçou.
A verdade, em sua forma mais feia e brutal, a atingiu em cheio.
Ele não era apenas um traidor. Ele era um vigarista. A vida inteira deles era uma mentira que ele mantinha ativamente.
E seus amigos eram seus cúmplices.
Uma chuva torrencial começou de repente, um típico temporal da cidade de Nova York.
A chuva fria açoitava seu rosto, misturando-se com as lágrimas silenciosas que ela não conseguia parar.
Ela vagou pela tempestade, sem rumo, entorpecida.
As luzes da cidade se tornaram um borrão.
Os grandes gestos, o rim, as rosas, o livro, o "Horizonte de Maya".
Tudo isso, uma performance. Uma armadilha.
Ela o havia avisado. "Se você algum dia mentir para mim, mentir de verdade, eu desaparecerei."
Ele não acreditou nela. Ele pensou que poderia administrá-la, controlá-la.
Ele estava prestes a descobrir o quão errado estava.