Segui por um corredor que não tinha explorado antes. À esquerda, portas trancadas. À direita, tapeçarias antigas e esculturas de corpos entrelaçados. Quando virei a última curva, encontrei o salão.
Era um cômodo circular, amplo, com janelas cobertas por véus transparentes que deixavam a luz entrar difusa. No chão, almofadas de veludo e mantas macias. As paredes estavam cobertas de espelhos antigos, manchados pelo tempo, como se guardassem segredos de outros corpos que já haviam passado por ali.
No centro, um pedestal de madeira escura. Sobre ele, uma cadeira estofada em vinho. Ao lado, uma venda de cetim preto.
E então, como se tivesse sido invocado pelo próprio desejo, ele apareceu.
Athos.
Vestia uma camisa de linho branca, aberta no peito, as mangas dobradas até os cotovelos. Os cabelos ligeiramente bagunçados. Os olhos... meus deuses, aqueles olhos.
- Estava esperando que você encontrasse este salão - disse ele com um meio sorriso, como se soubesse que eu viria.
- É... bonito - murmurei, ainda tentando manter a pose, mesmo com meu corpo traindo qualquer tentativa de compostura. Meus mamilos já estavam duros sob o robe.
- Este é o Círculo da Voz. Aqui trabalhamos com a arte mais antiga de todas: a palavra. - Ele se aproximou devagar, com os olhos presos nos meus. - A voz é um dos primeiros toques. Um som pode incendiar mais do que uma mão. Se você permitir.
Engoli em seco.
- O que você quer dizer?
Athos ergueu a venda com delicadeza.
- Hoje, quero ler para você. Mas para sentir... você precisa ouvir com o corpo.
Meu ventre apertou, latejante.
Ele me estendeu a venda. Não perguntou se eu aceitava. Apenas ofereceu. E eu, como uma mariposa que não resiste à chama, peguei.
A seda cobriu meus olhos, e o mundo desapareceu.
***
Me acomodei na cadeira, os braços apoiados nas laterais, as pernas ligeiramente afastadas. Sem visão, tudo ganhou outra textura. O som do tecido roçando na minha pele. O perfume de Athos que agora parecia estar em toda parte. E então, a voz.
- Respire fundo - ele disse. - Sinta a vibração da minha voz. Cada palavra é uma carícia.
Sua voz era grave, aveludada, e vinha de algum lugar à minha frente. Mas sem visão, era como se estivesse ao meu lado. Atrás de mim. Dentro de mim.
Ele começou a ler.
Um trecho que eu não conhecia, mas que parecia ter sido escrito para mim.
"Ela estava deitada, os olhos vendados, esperando. Os dedos dele pairavam sobre sua pele, sem tocar. Só o calor. O sussurro. O peso da presença. E quando ele falou... ela estremeceu."
Meu coração disparou.
"'Você quer que eu toque você?', ele perguntou. E ela, sem voz, apenas arfou. Seus seios já estavam duros, a pele arrepiada, a calcinha encharcada. O corpo gritava o que a boca não dizia."
Minhas pernas se apertaram na cadeira. O robe se abrira um pouco, revelando minha coxa nua, e eu podia sentir o ar frio do salão roçando onde já havia calor.
"Ele não a tocou. Só falou. Descreveu o que faria. Como a tomaria. Como abriria suas pernas e passaria a língua por cada centímetro até ela implorar."
Soltei um suspiro longo e tremido. Meus dedos apertaram o tecido da cadeira. Senti a umidade escorrer entre minhas coxas. A venda me deixava exposta de um jeito novo. Eu não estava nua, mas era como se estivesse entregue de corpo inteiro.
"Ela ouvia. Imaginava. E gozou ali mesmo, apenas com palavras, apenas com a voz dele dizendo: 'Agora, eu colocaria minha língua bem aqui...'"
- Respire, Isadora - a voz real de Athos interrompeu a leitura, mais baixa, mais íntima, tão próxima que eu podia jurar que seus lábios estavam a centímetros da minha orelha. - Você está molhada?
Soltei um gemido sem querer. Um som pequeno, quase frágil, mas que carregava mais verdade do que qualquer frase inteira.
Ele continuou a leitura, e eu já não sabia mais onde terminava a história e começava minha realidade.
"Ele a fez gozar de novo. Dessa vez, com a boca. Suave. A língua desenhando círculos. Os dedos abrindo os lábios. O som que ela fez foi um hino pagão."
Minha respiração ficou mais curta, mais rápida. Minhas coxas começaram a se mover sozinhas, num ritmo sutil. Minhas mãos escorregaram do apoio da cadeira para meu colo, e eu as fechei com força, lutando contra o impulso de me tocar ali mesmo.
E então ele sussurrou, como se estivesse dentro do meu corpo.
- Se quiser se tocar, Isadora, você pode.
Soltei o ar com força. A tensão em mim era insuportável. Desci a mão, hesitante, como se estivesse cometendo um crime. Afastei o robe e toquei a pele quente entre minhas pernas.
Minhas pontas dos dedos encontraram o centro da necessidade. Quente, molhado, latejante. E eu gemei. Alto.
Continuei ouvindo sua voz.
"Ela se abriu para ele como uma flor faminta. E ele se deliciou como quem saboreia o fruto mais proibido."
- Continue - implorei, os dedos girando no ritmo da voz.
Athos não parou.
"Quando ela gozou, o mundo sumiu. Só havia o som do próprio nome em sua boca. O gosto dele em sua língua. E o eco do prazer dentro de cada osso do corpo."
Gozei.
De verdade. Ali mesmo. Vendada. Com palavras.
Minhas costas se arquearam na cadeira. Meus dedos pressionaram mais forte, e um tremor percorreu minhas pernas. Os espelhos ao redor estavam em silêncio. Mas eu sabia que, se pudessem falar, teriam gritado comigo.
***
Quando recuperei a respiração, Athos se aproximou. Senti o calor do seu corpo muito perto do meu, mas ele não me tocou.
- Pode tirar a venda - disse.
Tirei.
A luz era suave. E lá estava ele, parado diante de mim, com os olhos mais escuros do que eu lembrava. Seus lábios levemente úmidos. Seus punhos cerrados como se também lutasse contra um desejo crescente.
- Você é sensível ao som, Isadora - ele disse, com um tom mais grave. - E há tantas formas de som... gemidos, suspiros, ordens. Gritos contidos.
- E você sabe usá-los muito bem - respondi com a voz ainda trêmula, meu corpo relaxado, porém faminto por mais.
Ele sorriu, o tipo de sorriso que um predador oferece antes de morder.
- Estamos apenas começando.
Sai do salão como se estivesse flutuando. As pernas bambas. O sexo ainda pulsando. E a mente completamente despida.
A voz dele havia me tocado em lugares que ninguém jamais ousou alcançar.
E aquilo era só a segunda noite.