À sua frente, Davina mexia o canudo no copo, distraída. "Ei, vai rolar uma competição de tiro ao alvo na semana que vem. Está pensando em se inscrever?"
Christina respondeu sem hesitar: "Nem pensar. Faz tanto tempo... Minhas mãos não são mais tão firmes."
"Ah, qual o problema? Use isso como terapia. Imagine o rosto de Brendon bem no centro do alvo e vá com tudo."
Christina soltou uma risada baixa. "Confesso que é tentador."
Com os olhos brilhando, Davina continuou: "E não pare por aí. Sabe quem vai estar lá? Dillan, aquele cara que quase te derrotou há quatro anos. Você desistiu e, desde então, ele reina absoluto."
Antes que Christina respondesse, Davina deslizou o celular pela mesa, revelando: "E dê uma olhada nisso. O prêmio deste ano é um Bugatti personalizado. Não é modelo de prateleira, mas sim único. Uma obra de arte sobre rodas. Pegue e dê uma olhada na competição."
Christina pegou o celular e deslizou os dedos pela tela. Como sempre, além do prêmio impressionante, uma regra interessante chamava a atenção - os competidores usariam máscaras e pseudônimos. Ninguém saberia quem era quem, a não ser o vencedor, que teria o direito de exigir que os demais mostrassem o rosto.
"Se você entrar e ganhar, tem que fazer Dillan tirar a máscara. Eu preciso saber como é esse cara!", Davina exclamou.
"Tá bom." Christina girou levemente a taça de vinho, os olhos fixos no líquido rubro. Um sorriso provocante curvou seus lábios. "Se eu participar, não vou apenas jogar. Vou elevar o nível."
Davina arqueou uma sobrancelha, curiosa. "O que isso quer dizer exatamente?"
Christina sustentou o olhar da amiga com firmeza. "Quem vencer a competição este ano ganha uma sessão exclusiva com King. Sem prazo de validade. Desde que sigam as condições de King, o acordo permanece."
Davina quase derrubou a bebida. "Você está brincando! Se isso for verdade, as pessoas vão se atropelar para se inscrever. Isso vai explodir!"
"Vou ao banheiro", Christina disse enquanto se erguia.
Ela não deu dois passos antes de ser interceptada por um grupo de homens que entrou no bar com a arrogância de quem achava que o mundo lhes devia algo.
"Olhe só o que temos aqui. Parece que está precisando de companhia. Que tal uma bebida?", um deles disse, a encarando dos pés à cabeça.
Era como se, com apenas um olhar, eles pudessem despi-la.
Os olhos de Christina se tornaram duros como gelo. "Saiam do meu caminho!"
O aviso em sua voz era cortante, mas os homens apenas riram. "Ah, então é assim? Gosta de um pouco de resistência, né? Nós também, deixa tudo mais interessante."
Christina não vacilou. "Última chance. Sumam!"
Nesse momento, um dos homens assobiou e esticou a mão em direção ao seu peito com um sorriso lascivo.
Porém, ele não teve tempo de tocar nela. Com um movimento seco e preciso, ela torceu o pulso dele até ouvir o estalo nauseante.
O grito do homem ecoou pelo bar, silenciando a sala.
Os outros congelaram, mas foi só por um segundo.
Christina se moveu como um raio. Um chute direto no joelho de um. Um cotovelo certeiro no maxilar de outro. Cada golpe era medido, eficiente e implacável.
Em questão de segundos, o grupo inteiro jazia no chão, gemendo, encolhido entre hematomas e feridas que deixariam marcas por muito tempo.
Do segundo andar, a varanda oferecia vista privilegiada da cena.
Um dos amigos de Brendon, que observava de longe, arregalou os olhos, surpreso. "Caramba... que mulher! Um arraso total, confiante e poderosa, exatamente do jeito que eu gosto."
O olhar de Brendon, ao lado, seguiu para a figura da mulher de cabelos ondulados e, quanto mais a observava, mais forte era a sensação de que havia algo familiar ali. Os traços do rosto dela o fazia se perguntar se estava olhando para Christina, sua ex-esposa.
Após passar a tarde no hospital com Yolanda, Brendon havia concordado em ir ao bar por sugestão dela. Aliviar o estresse parecia necessário.
Estreitando os olhos para a mulher lá embaixo, Yolanda murmurou: "Espere um pouco. Não é Christina?!"
"Você está dizendo que... aquela mulher incrível lá embaixo é Christina? A mesma mulher apagada que mal abria a boca? Não pode ser."
Aos poucos, os olhares do grupo se estreitaram, tentando confirmar. O choque se instalou com a força de um tapa quando reconheceram - sim, era ela.
Katie Dawson, a irmã mais nova de Brendon, não escondeu seu desprezo. "Olhem para ela... vestida como se estivesse prestes a fazer um teste para algum reality show barato. Desde que foi abandonada, está desesperada. Aposto que está procurando um sugar daddy."
A risada do grupo foi imediata.
"Nada novo. Esse tipo de mulher só sabe como se pendurar num homem."
"Brendon se livrou de uma bomba. Desse jeito aí? Ela está implorando por atenção."
"Sem um homem, ela não é nada. Só mais uma interesseira tentando se passar por alguém importante."
A cada comentário, a mandíbula de Brendon se contraía, até que ele não aguentou mais.
"Já chega!", ele exclamou, a voz mais firme do que qualquer outra, lançou um último olhar duro para o grupo e começou a descer as escadas em direção a Christina.