Dylan sabia que confiar na sorte seria loucura, então precisava treinar mais, se superar e eliminar qualquer margem de erro. O fracasso simplesmente não era uma opção.
Do outro lado da cidade, Brendon estava paralisado, com o celular ainda em mãos, olhando para a declaração de King.
"É real! King está oferecendo um tratamento! Você vai ficar bem!", Katie gritou, atravessando a sala às pressas para abraçar Yolanda com força.
Mas o rosto de Yolanda continuava encoberto por incertezas. "Mas... Dillan ainda está invicto, não está?! Dizem que ninguém chega nem perto dele há anos..."
Katie respondeu com um sorriso tranquilo, carregado de confiança: "Não importa quem vença. Vamos fazer uma oferta irrecusável. Ninguém diz não a dinheiro."
"É verdade. Yolanda, prometo que farei o que for preciso para que King te trate. Não importa o quanto custe, vou encontrar um jeito de te livrar dessa dor", Brendon declarou, tentando tranquilizá-la.
As lágrimas começaram a se formar nos olhos de Yolanda, que segurou a manga da camisa dele. "Você sempre faz tanto por mim. Eu nem sei como te agradecer."
Brendon a envolveu nos braços, acariciando seus cabelos com ternura. "Você não precisa agradecer. Eu faço isso por você."
Tomada pela emoção, Yolanda escondeu o rosto contra o peito dele. "Obrigada, Brendon."
Logo, chegou o tão esperado dia da competição de tiro.
Desde cedo, os campos estavam lotados como nunca. O prêmio chamativo - um raro carro de luxo - já era atrativo por si só, mas o que realmente arrastava multidões era a chance de um tratamento médico com King, algo mais valioso que qualquer automóvel.
Mal a rodada de abertura terminou, os competidores começaram a ser eliminados em massa.
A cada nova etapa, mais difícil que a anterior, apenas os mais hábeis permaneciam.
Brendon, que garantiu um lugar entre os dez melhores, acabou forçando demais na tentativa de entrar entre os cinco primeiros e caiu. A frustração era evidente em seu rosto.
"Está tudo bem, Brendon. A gente tem mais do que dinheiro suficiente para resolver isso", Katie disse, pronta para usar a fortuna como arma, se necessário.
Yolanda falou com doçura: "Você deu tudo de si. Foi incrível chegar tão longe. Por favor, não se cobre tanto."
O sorriso calmo de Yolanda suavizou um pouco o nó apertado no peito de Brendon. Mas, no fundo, esse gesto afetuoso apenas o fazia se sentir pior por não ter sido bom o bastante. A chance de curar Yolanda escapara por entre seus dedos, e ele se odiava por isso.
Agora, restavam apenas dois nomes no placar. Um homem e uma mulher.
Todos conheciam Dylan, o campeão invicto com um histórico impecável. Mas a mulher que estava diante dele, Chrissy, era um enigma.
O desafio final veio com um toque especial - os competidores tinham que atirar vendados.
A essa altura, Dylan havia entendido tudo. Chrissy não era uma competidora desconhecida, mas sim Rose, a mesma que havia desaparecido do mapa três anos antes. Ela não só havia retornado, como se reinventado com outro nome.
Agora, ali diante dele, vestida com um passado que ainda doía, ela era a última barreira entre ele e a vitória.
Mas Dylan não era mais o mesmo homem que havia perdido para ela. Três anos de treinamento duro o haviam moldado e, dessa vez, ele acreditava que poderia derrotá-la.
Com passos firmes e o rosto oculto por uma máscara preta, Dylan subiu ao palco. Sua postura revelava tudo - foco, controle e determinação.
A venda foi amarrada com precisão e o confronto final começou.
Primeiro disparo - acerto no centro.
Segundo - outro direto no alvo.
O terceiro tiro veio com a tensão espessa no ar e, mais uma vez, o som seco do disparo foi seguido pelo anúncio vibrante da plateia - centro do alvo.
O público explodiu em aplausos e um rugido de admiração sacudiu a arena.
"Dillan é incrível! Se eu der em cima dele e conseguir convencê-lo, talvez ele ceda o prêmio para a gente!", Katie exclamou da primeira fila, sorrindo e batendo palmas.
"Você está apaixonada por ele, não está?" Yolanda olhou para ela com um sorriso divertido.
Corando, Katie se esquivou. "Claro que não! Estou apenas pensando no seu tratamento, só isso!"
Yolanda riu, afetuosa. "Você sempre cuidava de mim, Katie. Tenho muita sorte por ter você."
Brendon cruzou os braços, os olhos fixos no palco. "Este jogo é de Dillan. Ninguém tira isso dele."
Desde o início, Brendon não levava Chrissy a sério. Para ele, mulheres simplesmente não pertenciam ao topo desse esporte. A antiga vitória de Rose ainda o incomodava, mas em sua cabeça, tinha sido um golpe de sorte isolado. Se ela tivesse mesmo talento, não teria desaparecido por três anos.
Agora vendada e no centro do palco, Chrissy - na verdade, Christina - não se apressou em atirar. Em vez disso, ela girou lentamente sobre os próprios pés, deixando a plateia em suspense.
Logo os sussurros começaram. "Ela vai desistir?"
"Deve ser a forma dela de admitir a derrota."
"Eu disse desde o início - mulher nenhuma aguenta esse jogo até o fim."
Mas no auge do burburinho, Christina ergueu a arma para trás, a posicionando sem ajustar a postura, e puxou o gatilho. O disparo ecoou limpo.
"Acerto direto!", o locutor anunciou, com entusiasmo.
Um murmúrio de espanto percorreu a plateia. Ela havia acertado, e sob condições ainda mais difíceis que as de Dylan.
"Inacreditável!"
"Não pode ser... isso foi pura sorte!"
Enquanto os espectadores buscavam justificativas, a confiança de Dylan começou a vacilar. Estava acontecendo de novo - ele estava prestes a perder para Rose.
Do segundo tiro ao último, cada disparo era certeiro. Ela atirava como se enxergasse além da venda, seus movimentos suaves, quase coreografados.
Não havia mais dúvidas - Chrissy superara Dylan. A arena explodiu em aplausos e gritos.
Alguns celebravam, outros xingavam e, entre o caos, um silêncio surpreso pairava sobre os que haviam apostado todas as fichas em Dylan. No meio da multidão, Davina não conseguia conter o sorriso. Desde o início, apostara em Chrissy, e agora, sairia dali com mais dinheiro do que sabia como gastar.
Dylan continuava imóvel, encarando Christina, que caminhava em sua direção sem hesitar.
"Vai tirar essa máscara sozinho ou quer que eu faça as honras?", ela disse, em um tom despreocupado e firme.
A máscara e o modulador de voz escondiam sua identidade, mas Dylan já sabia - era Rose, sem dúvida.
Sem pensar duas vezes, ele ergueu a mão e retirou a máscara.
Um murmúrio coletivo varreu a arena. Ali estava Dylan Scott - o herdeiro da dinastia mais poderosa da cidade, o verdadeiro cérebro por trás de toda a competição.
Brendon soltou um suspiro contido. Se Dylan tivesse vencido, nem o peso do nome Dawson teria sido suficiente para fazê-lo abrir mão do prêmio. Diante da influência de Dylan, eles seriam apenas poeira.
Mascarada e em silêncio, Christina passou por Brendon e a equipe dele, seus passos direcionados a Davina, até que Katie de repente se colocou em seu caminho.
"Pare aí mesmo!" Venda o prêmio para nós. Diga quanto você quer", Katie exigiu, arrogante.
"Não, não está à venda", Christina respondeu com a voz firme. Ela nunca tinha a intenção de ajudar Yolanda. Nem agora, nem nunca.
"Você tem certeza de que quer recusar? Sabe o que acontece com quem peita a família Dawson?", Katie desafiou.
"Não, não sei. Para ser sincera, não me importo. Já disse que não está à venda", Christina respondeu, dando de ombros.
"Você é mesmo arrogante...", Katie tentou retrucar, mas as palavras morreram em seus lábios, engolidas pela raiva. Em um impulso, ela avançou e arrancou a máscara do rosto de Christina.
Todos os olhares se voltaram para Christina. O silêncio tomou conta do lugar no instante em que seu rosto foi revelado.