Christina soltou uma risada seca, sem uma gota de humor. "Ah, por favor... Você realmente acha que isso é sobre você? Que ego inflado o seu! Nós terminamos, Brendon. Se você ainda acredita ter poder sobre mim, está enganado."
"É isso mesmo que você quer? Apagar tudo assim?", Brendon perguntou, seu olhar duro e investigativo.
"Você também não quer o mesmo? Ou já se esqueceu? Nós já nos divorciamos", Christina rebateu, sem piscar.
A mão de Brendon estremeceu e ele tentou alcançá-la novamente, mas um tapa seco cortou o ar, afastando a mão dele com força.
"Droga!" Brendon recuou, segurando o pulso, os olhos faiscando de raiva. "Você está louca?"
"Se enlouqueci, pelo menos não estou delirando. Mas talvez você devesse verificar se está tudo funcionando aí embaixo", ela disse, sem se abalar, e seu olhar deslizou propositalmente até a virilha dele.
O rosto de Brendon se retorceu, vermelho de fúria. "Você realmente sabe como ferir com palavras!"
"Fico lisonjeada com o elogio", ela respondeu, dando de ombros como se nada disso tivesse qualquer importância.
Brendon parecia estar prestes a explodir. "Eu só vim te alertar, porque não queria ver você se afundar. Mas se é isso que deseja... vá em frente. Acabe com tudo. Eu cansei de tentar."
Sem esperar resposta, Brendon se virou de forma brusca e saiu com passos pesados, sua frustração ecoando pelo bar como um trovão. A transformação de Christina era visível e qualquer um podia perceber. Ainda assim, para Brendon, tudo isso não passava de uma encenação, uma forma desesperada de chamar atenção.
Do outro lado do salão, alguns homens acompanhavam os passos de Christina com olhares famintos, como predadores tentando medir a presa.
Ela os encarou de volta com tamanha intensidade que qualquer fantasia que eles estivessem construindo se dissolveu no mesmo instante. Bastou um olhar dela para fazer a espinha deles endurecer.
Nenhum deles ousou avançar, pois todos se lembravam do que havia acontecido mais cedo.
Os idiotas que tinham tentado tocá-la aprenderam da pior forma. Um deles, literalmente, teve sua masculinidade esmagada. A lição fora clara.
...
Em uma sala à prova de som, afastada do tumulto do bar, dois homens observavam tudo.
Dylan Scott estava recostado na poltrona, os olhos semicerrados, enquanto seguia com atenção cada movimento de Christina. Uma imagem começou a emergir em sua mente - Rose, a mulher mascarada que quase destruíra seu orgulho na competição de tiro, quatro anos atrás. Ele ainda conseguia se lembrar do brilho dos olhos dela, mesmo sob a máscara.
"Ela tem personalidade. Se Brendon tentasse enfrentá-la, sairia com os dentes no chão", Ralphy Graham, seu amigo, comentou, alternando o olhar entre Christina e Dylan.
A autoridade silenciosa na postura de Dylan era inegável. Ele não precisava falar para impor respeito, pois sua presença era suficiente.
Ralphy captou o sutil lampejo de interesse no rosto do amigo e disse: "Não me diga que ela furou sua muralha de gelo. Está pensando em tentar a sorte com ela?"
Dylan desviou o olhar, e o clima ficou mais sério de repente. "Minha única prioridade é encontrar qualquer rastro de King."
Ralphy franziu o cenho. "Ainda nada?"
O maxilar de Dylan se contraiu. "Nem sinal."
"É como se King tivesse evaporado. Mas ainda é o único que pode tratar sua irmã. Isso não mudou", Ralphy murmurou, já visivelmente frustrado.
Dylan apertou o copo com mais força. "Justamente. Por isso, vou continuar procurando."
Num gole seco, ele esvaziou o copo.
O toque de um celular quebrou o silêncio tenso da sala.
Ralphy atendeu sem hesitar, se mantendo sereno, pelo menos nos primeiros segundos. Logo seus olhos se arregalaram, e ele se endireitou como se tivesse levado um choque.
Dylan ergueu uma sobrancelha, a voz firme: "O que houve? Que notícia te deixou assim?"
Ralphy desligou a ligação e se virou, ainda em estado de incredulidade. "É sobre King. A competição de tiro!"
Dylan franziu o rosto, sem entender. "Como assim?"
O homem não entendia como o nome de King poderia estar ligado a uma competição de tiro.
Ralphy explicou, quase explodindo: "Ele acabou de soltar uma declaração oficial. Quem vencer a competição de tiro da próxima semana vai ganhar uma sessão de tratamento com King - sem prazo de validade, basta aceitar os termos."
Ralphy quase saltou da cadeira, empolgado. A competição que ele organizava acabara de se tornar o evento mais quente do ano por causa do anúncio de King.
"Não acredito! Sério? Repita!" Dylan se inclinou para frente, os olhos afiados como navalha.
Com certeza inabalável, Ralphy repetiu: "O vencedor da competição vai ter direito a um tratamento com King. E Dylan, você é o líder dessa competição há três anos seguidos sob o pseudônimo de Dillan. Se alguém vai sair com essa vitória, é você!"