Renascida da Dor, Caçadora da Justiça
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Capítulo 3

A vida sem o Pedro era silenciosa. Eu e a minha mãe mudámo-nos para um pequeno apartamento alugado.

Passei os primeiros dias num torpor. Dormia muito. Comia pouco. O luto pela minha filha era uma dor física constante no meu peito.

A minha mãe cuidou de mim. Ela cozinhava para mim, certificava-se de que eu tomava banho, sentava-se comigo em silêncio quando eu não queria falar.

Uma semana depois do divórcio, recebi uma chamada de um número desconhecido.

Era o Dr. Mendes, o médico que tinha feito o parto da Eva.

"Sra. Helena," disse ele, a sua voz profissional mas gentil. "Lamento incomodá-la neste momento difícil. Mas há algo que preciso de discutir consigo."

"O que é?" perguntei, o meu coração a acelerar.

"É sobre a sua filha. Fizemos uma autópsia, como é procedimento padrão em casos como este. E descobrimos algo... invulgar."

Sentei-me direita na cama. "Invulgar como?"

"A causa da morte não foi insuficiência cardíaca, como pensávamos inicialmente. Encontrámos vestígios de uma droga no seu sistema. Uma droga que causa paragem cardíaca em doses elevadas."

Fiquei sem ar. "Uma droga? Como é que isso é possível?"

"É isso que estamos a tentar descobrir. A droga não é algo que usamos neste hospital. Alguém deve tê-la administrado à sua filha."

A minha mente começou a girar. Quem faria uma coisa dessas?

E depois, uma imagem surgiu na minha cabeça. A Sofia, a minha cunhada. O seu ódio por mim. O seu desejo de me ver fora da família.

Será que ela seria capaz de... não. Era demasiado monstruoso para sequer contemplar.

"Sra. Helena? Ainda está aí?"

"Sim," respondi, a minha voz a tremer. "O que é que isto significa?"

"Significa que a morte da sua filha não foi um acidente. Foi um homicídio."

A palavra atingiu-me com a força de um soco. Homicídio.

Alguém tinha assassinado a minha bebé.

"Nós já notificámos a polícia," continuou o Dr. Mendes. "Eles vão querer falar consigo."

Desliguei o telefone. As minhas mãos tremiam tanto que mal conseguia segurá-lo.

A minha mãe entrou no quarto, atraída pela minha respiração ofegante.

"O que foi, querida?"

"A Eva... ela foi assassinada."

Contei-lhe tudo o que o médico disse. O rosto da minha mãe ficou pálido, depois endureceu com uma fúria fria.

"Eu sabia," disse ela entre dentes. "Eu sabia que havia algo de errado."

Naquele momento, o luto transformou-se em raiva. Uma raiva pura e avassaladora.

Alguém tinha tirado a minha filha de mim. E essa pessoa ia pagar.

A polícia veio no dia seguinte. Dois detetives, um homem e uma mulher. Eram sérios e metódicos.

Fizeram-me perguntas durante horas. Sobre a minha gravidez, o meu relacionamento com o Pedro, a sua família.

Contei-lhes tudo. A hostilidade da Sofia e da minha sogra. A forma como o Pedro se virou contra mim. A forma como eles me acusaram.

O detetive principal, o Inspetor Alves, ouviu atentamente, tomando notas.

"A sua cunhada, a Sofia, estava no hospital no dia em que a sua filha nasceu?" perguntou ele.

Pensei por um momento. "Sim. Ela apareceu por um bocado. Disse que estava lá para dar apoio ao Pedro."

"Ela teve acesso ao berçário?"

"Eu não sei. Eu estava a recuperar do parto. Mas ela estava a vaguear pelos corredores."

O Inspetor Alves trocou um olhar com a sua parceira.

"Vamos investigar," disse ele. "Sra. Helena, lamento a sua perda. E prometo-lhe que vamos encontrar a pessoa que fez isto."

Quando eles saíram, senti uma nova determinação a instalar-se em mim.

Eu não ia apenas esperar que a polícia fizesse o seu trabalho. Eu ia encontrar a verdade por mim mesma.

Eu devia isso à Eva.

            
            

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